Ação da Petrobras dispara e impede queda mais forte da Bolsa
Resultado robusto e pagamento bilionário de dividendos deram fôlego aos papéis da companhia
Com um resultado robusto e o anúncio de um pagamento bilionário em dividendos, as ações da Petrobras subiram mais de 7% nesta quinta-feira (5) e foram responsáveis por impedir uma queda mais forte na Bolsa de Valores brasileira.
Os papéis da petroleira encerraram a sessão com alta de 7,64% (preferenciais, sem direito a voto) e de 9,32% (ordinárias, com direito a voto). As ações da companhia lideraram as maiores altas do Ibovespa, principal índice acionário do país.
Segundo Lucas Carvalho, analista de investimentos da Toro, o resultado reportado pela Petrobras nesta quinta (5) referente ao segundo trimestre veio muito acima do esperado pelo mercado, o que impulsionou uma valorização significativa nas ações da companhia.
“Esse resultado veio muito acima do esperado e fez preço. A companhia apresentou Ebitda [lucro antes de juros, impostos, amortizações e depreciações] recorde e, inclusive, divulgou um pagamento cavalar aos acionistas, entrando no hall de grandes pagadores de dividendos. Esse resultado, claro, reverbera no mercado”, afirmou o analista.
A petroleira atingiu um lucro de R$ 42,8 bilhões no segundo trimestre – ante prejuízo de R$ 2,7 bilhões registrados em igual período de 2020. O resultado veio apoiado em maiores margens de lucro nos combustíveis, maiores vendas de óleo e derivados, ganhos cambiais devido à valorização do real frente ao dólar e ganhos de participações em investimentos.
A direção da Petrobras também reafirmou a política de acompanhamento das cotações internacionais do petróleo e não descartou a possibilidade de distribuir mais do que os R$ 31,6 bilhões em dividendos já anunciados aos seus acionistas.
Apesar do forte avanço das ações da petroleira nesta quinta-feira (5), a Bolsa de Valores brasileira encerrou o dia no vermelho. O Ibovespa fechou em queda de 0,13%, aos 121.632 pontos.
Pesaram no índice as ações da Vale – que terminaram o dia com um recuo de 3,25% diante do tombo nos preços do minério de ferro – e os papéis do setor financeiro, que caíram em massa na sessão.
Além disso, investidores seguem cautelosos diante das tensões políticas e dos temores fiscais que continuam a se estender no cenário doméstico.
Nesta quinta, houve uma nova escalada nas desavenças entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o Judiciário.
Depois do fechamento do mercado houve ainda a notícia de que o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, cancelou a reunião entre os chefes dos três Poderes que havia convocado e afirmou que Bolsonaro não cumpre a própria palavra.
Segundo Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, a sinalização de um ritmo mais acelerado no aumento da Selic (taxa básica de juros) por parte do Copom (Comitê de Política Monetária) na véspera, combinada aos receios sobre o rumo fiscal, também acabaram puxando o índice para baixo.
Na quarta (4) o Copom chegou a garantir pelo menos mais um aumento de 1 p.p. (ponto percentual) para a próxima reunião. O movimento fez parte da curva de juros futuros se inclinar para cima e já mirar a casa de 8% a partir de 2022.
“Para ajudar na inclinação da curva, que por si só reduz o apetite por risco e pressiona, em especial, setores como construção e varejo, existem muitas dúvidas sobre o rumo do fiscal após Bolsonaro confirmar o aumento de 50% para o novo Bolsa Família sem uma contrapartida clara de receita. O mercado está de olho nos avanços sobre a privatização dos Correios”, afirmou Ribeiro.
No exterior, os índices americanos tiveram um dia positivo. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq Composite subiram 0,78%, 0,60% e 0,78%, respectivamente.
A maior aversão ao risco também acabou refletindo no dólar, que encerrou a sessão em alta de 0,55%, a R$ 5,2170.