Achar preço justo da gasolina é tarefa difícil
Desafio é equilibrar flutuação no mercado e necessidade real do povo
Jair Bolsonaro anda incomodado quando vê o preço dos combustíveis nos postos de gasolina. Não só ele. Qualquer um que encha o tanque e veja a fortuna que sai da carteira está puto da vida. Achar um ponto de equilíbrio entre necessidades econômicas da Petrobras e a vida real do povo brasileiro não é tarefa simples.
A greve dos caminhoneiros de 2018 mostrou que o preço dos combustíveis tem elementos sociais e políticos que andam lado a lado com o econômico.
No primeiro mandato de Dilma Roussef, foi feita um intervenção na política de preços praticada pela Petrobras. Isso resultou em benefício para a população, pois pagamos um preço no combustível irreal, artificialmente retido. O que quase levou a empresa à bancarrota. Dilma tentou corrigir essa distorção no início do segundo mandato. O preço nas bombas disparou e essa inflação foi um elemento a mais na insatisfação crescente na sociedade perante seu governo. Deu no que deu.
Michel Temer assumiu depois do impeachment e priorizou exclusivamente o mercado. O preço do combustível começou a flutuar diariamente, como se o posto de gasolina fosse um balcão da Bolsa de Valores. Também não funcionou. A crescente no preço do diesel levou os caminhoneiros a pararem o país. Estima-se que só a greve (locaute?) derrubou o PIB brasileiro de 2018 em 1%.
Agora o abacaxi está nas mãos de Bolsonaro. Se ele intervir na Petrobras como Dilma fez, agrada sua base social que corta o país de norte a sul pelas rodovias mas perde a confiança da rapaziada da Faria Lima. Por outro lado, se emular a política de Pedro Parente no governo Temer, corre o risco de enfrentar uma paralisação dos caminhoneiros que fatalmente custará popularidade ao governo.
Equilibrar essas duas demandas não é fácil. Achar o ponto de equilíbrio entre as expectativas do mercado e da sociedade é complicadíssimo. Ninguém prometeu que governar o Brasil seria simples. Bolsonaro deve sentir saudades de quando sua vida medíocre se resumia a distribuir infâmias no programa de Luciana Gimenez. Era mais fácil.
@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Agência Brasil