Turismo

Agências de viagens recorrem a dólar mais barato, parcelamento e promoção

Desde quarta-feira, o dólar turismo passa dos R$ 4 reais no cartão pré-pago. Para não perder demanda, empresas criam novas estratégias

A alta da moeda americana está mexendo nos planos de quem pretende viajar para fora. Desde quarta-feira, o dólar turismo passa dos R$ 4 reais no cartão pré-pago. As pessoas não estão deixando de viajar, mas trocam destinos tradicionais e encurtam a estadia. É o que afirmam as agências de viagens, que, para não perderem a demanda, estão lançando pacotes promocionais e oferecendo câmbio abaixo do preço do mercado.

Viviane Fernandes, diretora da Nice Via Ápia, agência especializada em Disney, conta que o dólar alto ainda não desestimulou a compra de pacotes de viagens. O que ela percebeu é que os consumidores têm optado por planejar viagens com antecedência maior, de um a dois anos. Já a estadia caiu para entre quatro e sete dias, ante uma média de dez a 13 dias em 2017.

Outra forma de conquistar o cliente é oferecer câmbio mais barato. Na Nice Via Ápia, se o dólar estiver a R$ 3,70 no mercado, por exemplo, a operadora o vende a R$ 3,50. E o pagamento pode ser feito na chamada linha de poupança: nova modalidade em que o cliente contrata o pacote a longo prazo, paga a cada mês o valor que puder, desde que a viagem esteja quitada até o embarque. Promoções para destinos mais baratos também fazem parte da estratégia.

— Um exemplo é Bariloche e Buenos Aires, na Argentina, que têm programas mais baratos, em torno de US$ 600, por 4 dias, já incluindo passagem aérea, hotel, traslados e passeios. Os locais exóticos também despontam, como África do Sul e Tailândia — declarou Viviane.

Outra que oferece dólar mais barato é a CVC, que cobrava R$ 3,55 pela moeda na quinta-feira. Esta semana, a agência — que aumentou o número de parcelas sem juros — lançou passagem aérea de ida e volta para a África do Sul, a partir de São Paulo, a US$ 290 dólares. Segundo o diretor-geral Emerson Belan, o parcelamento de viagens no boleto aumentou 37% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2017, uma estratégia para quem quer deixar o cartão de crédito só para emergências.

— O trabalhador que tem direito a férias não deixa de viajar, mas faz adaptações. Por exemplo: determina um valor limite para gastos de viagens e chega à loja já solicitando o “destino que cabe no bolso” — afirmou Belan.

A presidente da Agência Brasileira dos Agentes de Viagem (Abav-RJ), Teresa Cristina Fritsch, acredita que o setor de turismo não vai sofrer grandes impactos com a alta do dólar. Isso porque, afirma, quem vai viajar agora já comprou a passagem cerca de cinco meses atrás. E os que pensam em viajar no fim do ano vão escolher um destino que não tenha impacto significativo da divisa americana. Ela também avalia que o período é favorável para o turismo nacional.

Essa visão é confirmada por Mônica Paixão, diretora da rede de hotéis Le Canton, localizada na Região Serrana do Rio. Ela diz que, para as férias de julho deste ano, espera um aumento de 15% na demanda em relação a 2017. Para o feriado de Corpus Christi já foram vendidas 50% da capacidade.

Segundo Alfredo Lopes, presidente da Associação de Hotéis do Rio (ABIH-RJ), o turista nacional já é o principal público desses estabelecimentos:

— Com a alta do dólar, que desestimula as viagens internacionais e favorece ainda mais as viagens internas, esperamos uma boa resposta do mercado nacional já neste feriado de Corpus Christi — observou.