Altas do feijão e do leite em Goiânia surpreendem pesquisadores e fazem a inflação atingir 1,39%
Aumentos do feijão carioca (76,80%), do feijão preto (33,84%), do leite longa vida (20,45%) e do arroz (4,42%) ajudaram a inflação a alcançar o segundo maior índice do ano
A inflação de 1,39% registrada em Goiânia no mês de junho pegou de surpresa os pesquisadores do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB) da Secretaria de Gestão e Planejamento (Segplan). Segundo o gerente de Pesquisas Sistemáticas e Especiais, Marcelo Eurico de Sousa, aumentos tão expressivos de produtos como o feijão carioca (76,8%), o feijão preto (33,84%), o leite longa vida (20,45%), o arroz (4,42%) não eram esperados para esse período.
O índice geral registrado no mês passado foi o segundo maior do ano, atrás apenas de janeiro, quando a inflação ficou em 1,75%. Com o resultado de 1,39%, do mês passado, o acumulado no ano foi para 5,63% e nos últimos doze meses 12,11%. Em junho do ano passado a taxa foi de 0,28%.
De acordo com Marcelo, os produtos alimentícios foram efetivamente os maiores alavancadores dos preços no mês que passou. Com o aumento de 3,81%, eles contribuíram em 1,21% para a taxa do mês, representando 87% dos 1,39% registrados.
“Essa variação foi bastante surpreendente. Não tinha ideia de que alguns produtos de alimentação viessem com essa variação. Os preços não subiam dessa forma desde maio de 2008”, ressalta Marcelo. No entanto, ele destaca que foram poucos os produtos que tiveram variação expressiva. “O feijão, o arroz e o leite tiveram bastante impacto porque os porcentuais foram muito elevados”, pontua.
As altas registradas em junho fizeram com que o feijão carioca mais que dobrasse de preço desde o início do ano, com uma variação de 140,59%. O leite, por sua vez, subiu 33% desde janeiro. “O comum nesse período é ver o grupo dos alimentos pressionando para baixo, o que não foi o caso. Ainda assim, frutas, hortaliças e tubérculos tiveram recuo e acabaram ajudando de certa forma”, analisa o economista.
Outros grupos que tiveram queda no preço foram os de transportes e habitação, de -0,43% e -0,01%, respectivamente. No primeiro caso, a baixa foi puxada pelos recuos do etanol (-1,82%) e da gasolina (-0,78%). No caso do segundo, os principais responsáveis foram o gás de cozinha (-1,28%) o de energia (-0,45%).
No entanto, o mês de julho deve trazer mais despesas no quesito habitação, já que desde o dia 1º deste mês está em vigor o reajuste de 9,16% na tarifa de água. Além disso, as altas do feijão, do leite e do arroz devem continuar, apesar de que em ritmo mais lento graças à chegada de novas safras e das políticas de importação desses itens.
Contribuição
Além da alimentação, os grupos de saúde e cuidados pessoais (0,79%), educação (1,57%), vestuário (0,86%) e despesas pessoais (0,19%) também contribuíram para manter positivo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de Goiânia em junho.
Além do feijão, leite, arroz e açúcar outros produtos alimentícios que pressionaram a inflação de junho foram o leite condensado (6,32%), o creme de leite (7,18%), o queijo frescal (3,32%), o queijo mussarela (1,22%) e o requeijão cremoso (2,01%). E ainda, o açúcar (4,70%), o sorvete (3,89%); a banana maçã (12,79%); o alho que voltou a subir 2,40%; a linguiça toscana (2,31%); os ovos grandes/extras (2,46%) e o extrato de tomate (2,09%). A alimentação fora do domicílio também ficou mais cara, no mês passado, puxada pelo reajuste do refrigerante 290ml (4,28%) e do sanduíche misto/bauru (5,05%).
Mas não foram apenas os alimentos que subiram muito em junho. O grupo educação impactou o índice com 1,57%, puxado pelos reajustes nos preços de uniforme escolar (4,01%) e artigos de papelaria (0,56%). No grupo saúde e cuidados especiais (0,79%) ficaram mais caros serviços de tratamento dentário (2,24%), consultas médicas (1,67%); creme hidratante (2,91%), condicionador para cabelo (2,07%) e creme dental (1,20%).
A pesquisa do IMB/Segplan também verificou aumentos nos itens do grupo vestuário, pressionado pela alta dos preços em camisa masculina (4,47%), bermuda masculina (3,55%); sandália infantil (8,51%), sandália/sapato de mulher (2,76%), tênis infantil (2,64%); bolsa (3,43%) e bijuteria (2,87%).
O índice do grupo de artigos residenciais foi definido pelos aumentos que ocorreram nos serviços de manutenção de aparelhos domésticos (2,93%); cama de solteiro (5,45%), guarda-roupa de solteiro (11,66%); lençol de solteiro (4,12%), lençol de casal (3,39%); máquina de lavar roupa (4,23%); microcomputador (9,98%).
Em despesas pessoais os reajustes foram registrados nos preços de cigarro (2,96%) e cinema (3,85%). Já o recuo nos preços de etanol (-1,82%) e gasolina (-0,78%); passagem de ônibus interestadual (-11,34%) e taxi (-11,58%) fizeram cair, em junho na comparação com maio, o índice do grupo de transportes. Também ocorreu um pequeno recuo nos preços de energia elétrica (-0,45%), gás de cozinha (-1,28%), favorecendo o grupo de habitação. O grupo de comunicação ficou estável, no mês passado.
Dos 205 produtos/serviços pesquisados mensalmente pelos técnicos do IMB/Segplan, 104 apresentaram elevação, 33 ficaram estáveis e 68 tiveram variação negativa.
Cesta básica
A alta dos preços dos alimentos no mês passado, refletiu no custo da cesta básica do goianiense, que subiu 4,54%, o segundo maior índice do ano, atrás apenas de janeiro (5,40%). Para adquirir os 12 itens da cesta o consumidor que ganha salário mínimo (R$ 880,00) gastou R$ 361,07, mais de 41% do seu ganho mensal. No ano, a alta acumulada do preço da cesta básica chega a 13,09%.
Em junho, os maiores reajustes foram registrados nos preços do feijão (61,76%), leite (20,45%), açúcar (4,70%), arroz (4,42%), farinha/massas (1,58%) e café (0,17%). O valor do pão francês ficou estável. Tiveram queda de preço legumes/tubérculos (-5,42%), óleo de soja (-4,23%), carne bovina (-3,96%), frutas (-0,51%) e margarina (-0,50%).