Subida nos preços

Apontou inflação descontrolada no horizonte

Na noite da última terça-feira da infâmia de Jair Bolsonaro (dia lamentável no qual o…

Na noite da última terça-feira da infâmia de Jair Bolsonaro (dia lamentável no qual o presidente fez troça da morte de um voluntário da vacina contra a covid-19, explicitou o aparelhamento da Anvisa, chamou de “maricas” os brasileiros que se cuidam na pandemia e ainda ameaçou os EUA com o temível poderio bélico brasileiro), Rodrigo Maia foi ao Twitter e fez um alerta econômico no qual não estamos prestando muita atenção: pintou no horizonte risco de inflação fora do controle para 2021.

Disse o presidente da Câmara dos Deputados pela rede social: “Entre pólvora, maricas e o risco à hiperinflação, temos mais de 160 mil mortos no país, uma economia frágil e um estado às escuras. Em nome da Câmara dos Deputados, reafirmo o nosso compromisso com a vacina, a independência dos órgãos reguladores e com a responsabilidade fiscal. E a todos os parentes e amigos de vítimas da covid-19 a nossa solidariedade”.

De tudo que Maia falou, o único ponto em que a sociedade não lunática (ter que explicar isso é o fim da picada, mas são os dias de hoje, o que posso fazer?) não se atentou ainda é para a possibilidade de hiperinflação para o próximo ano. É tudo o que o Brasil não precisa.

E, para variar, os aumentos já registrados estão pressionando principalmente o orçamento dos mais pobres. Os ricos também sentiram o acréscimo nos preços, mas em menor grau se comparado à base de nossa injusta pirâmide social.

A coisa pegou pra valer nos alimentos. Arroz (47,6% mais caro no acumulado de janeiro a outubro, segundo o Ipea), feijão (59,5%), leite (29,5%), frango (9,2%), óleo de soja (77,7%), carne (4,3%), batata (17%), tomate (18,7%)… Com o fim do auxílio emergencial marcado para dezembro, a situação vai ficar ainda mais complicada para quem recebe menos. Preocupante.

Já as famílias mais ricas vêm sendo beneficiadas pela redução dos preços no acumulado. Mas não há motivos para comemorar em esfuzia: em outubro, vário itens de consumo dessa faixa sofreram reajustes.

No acumulado do ano, passagens aéreas (-37,3%), gasolina (-3,3%), viagens por aplicativos (-22,7%), seguro de automóvel (-9,9%), hospedagem (-8,4%) e pré-escola (-1,7%) estão com variação negativa.

Tudo que Bolsonaro tem que evitar é que, sob sua administração, o Brasil reviva o descontrole inflacionário dos anos Sarney. O maior legado da redemocratização é a estabilidade econômica conquistada na década de 1990. Perder o foco disso arrumando briga com moinhos de vento é demais. Vai ficar difícil até para bolsominions das milícias digitais defenderem em rede social.