Após aumento nos preços, queda na venda de carne bovina chega a 70% em Goiás, diz Sindiaçougue
Promoções e a procura de outros produtos são ações principais para que a situação não se torne tão prejudicial ao comerciante e ao consumidor final
Após o aumento nos preços da carne bovina no Brasil, a queda das vendas chegou a 70%, de acordo com Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas no Estado de Goiás (Sindiaçougue). Apesar disso, o presidente da entidade, Silvio Carlos Yassunaga Brito, destaca que houve um estabilização nos valores na última semana.
Sílvio pontua que o aumento vem sendo colocado em prática desde o mês passado. A alta dos valores é em decorrência do aumento de exportação do produto para a China. Os chineses chegaram a oferecer 15% a mais pela carne e as exportações chegaram a subir mais de 110%, entre os meses de setembro e outubro. No mesmo período, Rússia (694%) e Emirados Árabes (175%) também compraram mais. As informações são da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).
O Brasil é o segundo maior produtor de carne do mundo e o principal exportador mundial. Outro fator que contribuiu para a atual situação foi o disparo do preço da arroba do boi. Fatores, principalmente climáticos, também interferiram nesse valor. O reflexo é sentido no valor pago pelo chamado boi casado (a metade do animal) pelos açougues do estado. O presidente cita como exemplo: antes do aumento, o boi casado custavaa R$ 10,20. Agora, o preço subiu para R$ 15,20. Carnes como contrafilé e alcatra eram vendidas por R$ 26,90 e agora são encontradas por R$ 34,90. Acém, que ficava entre R$ 16 e R$ 17, agora custa R$ 24.
Silvio explica que, diante da situação, é normal as pessoas procurem outro alimentos para a substituir a carne vermelha, como frango, peixe, carne suína e ovo. E a mudança é sentida nos supermercados, como aponta o presidente da Associação Goiana de Supermercados (Agos), Gilberto Soares. “Aquele consumidor que tem o costume de colocar carne na mesa, acaba comprando uma quantidade menor ou outra carne vermelha que esteja mais em conta. Caso o contrário, migra para outros tipo carnes”, pontua.
Gilberto afirma os estabelecimentos já sofriam com os baixos lucros na venda de carne vermelha. Agora, apostam em promoções como atrativos. Gilberto também explica que a atual situação não afeta os preços de produtos das festas de final de ano. “No meu estabelecimento, as vendas de carne vermelha caíram 6%. As vendas de peixes aumentaram mais de 40%. Já frango, suíno e ovos aumentaram mais de 6%. Além disso, fazemos promoções de outros tipos de carne como linguiça, peito e asa”, pontua.
O presidente da Agos também pontua que aspectos climáticos interferiram nas altas dos valores. Mas trata com otimismo a situação e a descreve como passageira. “A gente acredita que daqui uns dias, os preços se normalize e que a carne vermelha possa a voltar a fazer parte da mesa dos brasileiros com a mesma intensidade que estava fazendo”, ressalta.
Entretanto, a ministrada Agricultura, Tereza Cristina, pontuou que os preços não têm previsão de queda. Ela cogitou importar carne bovina para que o produto não faltasse em solo brasileiro e, assim, os preços fossem equilibrados. Mas os frigoríficos já adiantaram que não há o risco de abastecimento.