Até 30% do aumento do comércio eletrônico relacionado à covid deve ser permanente
Gastos com comércio eletrônico aumentaram de 10% a 16% em seu pico, em comparação com a pré-crise
Boa parte da participação que o ecommerce conquistou durante a pandemia no total de vendas do varejo veio para ficar, aponta o relatório Global Outlook 2021, da Mastercard. Segundo o levantamento, a expectativa é que de 20% a 30% das operações que migraram das lojas físicas para o meio digital durante o isolamento social vão ser permanentes quando o surto chegar ao fim.
Ainda de acordo com o relatório da Mastercard, os gastos com comércio eletrônico aumentaram de 10% a 16% em seu pico, em comparação com os níveis anteriores à crise.
No Brasil, os efeitos do maior volume de vendas online também devem afetar a circulação de papel moeda. A projeção é que ocorra uma redução nas transações com dinheiro físico, em especial para reduzir riscos e custos associados ao armazenamento.
Segundo o presidente da Mastercard Brasil e Cone Sul, João Pedro Paro Neto, 46% dos brasileiros aumentaram o volume de compras online durante a pandemia e 7% realizaram uma compra online pela primeira vez.
“O brasileiro é muito receptivo a novas tecnologias. A tendência é que o ecommerce continue crescendo. A adoção pelas gerações mais antigas, a maior conveniência e os custos mais baixos para os consumidores, provavelmente, manterão a demanda digital sólida em 2021”, afirma.
“Essa mudança acelerada para o digital resultou no uso crescente de automação, nos conjuntos mais amplos de setores trabalhando em casa, e mais experiências sem contato”, diz Paro Neto. “A transformação digital poderá permitir a inclusão financeira, melhorar as receitas fiscais e melhorar a produtividade das empresas.”
Dados do Mastercard Economic Institute, apontam que a abertura de empresas provavelmente estará limitada àquelas que vendem produtos e prestam serviços online.
Segundo o relatório, isso se deve a incertezas sobre o nível de consumo, a condições de crédito mais restritas e também ao fato de haver mais risco de contágio no contato físico, inclusive durante viagens e momentos de entretenimento social.
Outro estudo realizado pela Mastercard em parceria com a AMI (Americas Market Intelligence), no final de 2020, também apontou que 32% dos brasileiros afirmaram que irão trabalhar em home office com mais frequência, 38% vão usar o online banking mais vezes e evitar operações bancárias que exijam presença numa agência física.
Outros 36% dos entrevistados disseram que vão realizar mais compras online do que físicas, e 27% planejam optar pelo delivery quando quiser degustar uma refeição diferente.
Em relação ao cenário macroeconômico brasileiro, o presidente da Mastercard afirmou que a capacidade de retomada dependerá fortemente da habilidade dos governos de fornecerem estímulos fiscais e, ao mesmo tempo, pagarem suas dívidas de longo prazo.
A dívida pública do Brasil superou 90% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2020 e já há projeções indicando que chegará a 100% do PIB. A alta vem na esteira do aumento de gastos do governo com medidas para aliviar o baque econômico da pandemia do coronavírus.
“O estímulo expirado, especialmente no Brasil, é um risco iminente para 2021. A chegada das vacinas ao país pode ajudar no crescimento econômico, mas as reformas que poderiam impulsionar o crescimento no longo prazo podem ficar difíceis em 2021 em um ambiente político mais fragmentado”, afirma Paro Neto.
O executivo disse, ainda, que a confiança do consumidor permanece fraca no mercado diante das incertezas em relação à economia e ao vírus.
“Apesar disso, a flexibilização das medidas de distanciamento social, os programas adicionais de estímulo do governo e o crescimento do comércio digital devem auxiliar no crescimento dos gastos do consumidor ao longo deste ano”, afirmou o presidente da Mastercard.
O aumento da inflação, no entanto, continua a ser uma ameaça ao consumi em 2021, aponta o relatório