Banco Central inclui Pix e projeto de museu como atividade essencial durante greve
Lista ainda não está fechada, e discussões continuam antes de acordo final
Na lista de serviços essenciais que devem ser executados pelos servidores durante a greve, iniciada nesta sexta (1º), o Banco Central incluiu até atividades ligadas ao novo Museu de Valores, que encontra-se fechado para reformas e só tem previsão de reabertura em junho de 2024.
A autarquia solicitou que cinco servidores não cruzem os braços para cuidar da revisão final da proposta do novo museu, do desenvolvimento de atrações em conjunto com a empresa contratada, assim como o acompanhamento da licitação da obra e dos pagamentos a fornecedores do projeto.
A comunicação nos perfis da autarquia no Twitter e outras mídias sociais, o apoio logístico a viagens da diretoria colegiada e a publicação mensal dos extratos de registros do sistema de RDE (Registro Declaratório Eletrônico) são alguns dos pedidos que constam na relação elaborada pela autoridade monetária.
Todas as áreas também devem continuar prestando atendimento às demandas feitas via LAI (Lei de Acesso à Informação). Para executar seus planos de contingência, o BC solicita mais de mil funcionários para trabalhos essenciais durante a greve, ou seja, um terço do efetivo. Atualmente, a autarquia conta com 3.500 servidores na ativa.
A elaboração da lista de serviços essenciais não está fechada e existem diversos pontos de divergência entre o BC e os funcionários de variados departamentos. Os temas serão tratados em novas reuniões antes de um acordo final.
Os servidores consideram que há uma confusão no entendimento do que são atividades essenciais estabelecidas por lei e do que são serviços relevantes para o cumprimento da missão do BC, de forma que alguns itens da lista correspondem à segunda categoria.
De acordo com a legislação, “nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade”.
“São necessidades inadiáveis da comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população”, completa.
Nesse contexto de atividades fundamentais para a sociedade, o monitoramento do Pix será mantido durante a greve. O BC pede que dois servidores sejam responsáveis pelo acompanhamento em caso de ocorrência de anormalidades, como ataques contra a segurança do meio de pagamento, desempenho inadequado do sistema e outros.
Atividades ligadas ao Copom (Comitê de Política Monetária), ao Comef (Comitê de Estabilidade Financeira) e à Comoc (Comissão Técnica da Moeda e do Crédito), assim como ao RTI (Relatório Trimestral de Inflação) serão mantidas.
A execução da política cambial, o funcionamento do Swift e do STR (Sistema de Transferência de Reservas) e a divulgação da ptax (taxa de câmbio) diária também devem ser preservadas.
Mas espera-se uma série de atrasos na rotina da autoridade monetária, especialmente na divulgação de indicadores, como o boletim Focus, as notas econômico-financeiras e outros.
De acordo com o Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central), a expectativa de adesão à greve é de 60% a 70% da categoria.
Sem reajuste nos últimos três anos, os servidores do BC pedem recomposição salarial de 26,3% e reestruturação de carreira de analistas e técnicos.
No BC, analistas recebem um salário bruto mensal aproximado de R$ 19 mil a R$ 27 mil, enquanto a remuneração de técnicos varia em torno de R$ 7.500 a R$ 12,5 mil.
Quanto à pauta não salarial, os funcionários pedem a mudança da nomenclatura de analista para auditor, por exemplo, e a exigência de nível superior para ingresso dos técnicos do BC.
O descontentamento dos funcionários públicos cresceu após o presidente Jair Bolsonaro (PL) ter acenado com aumento apenas aos policiais federais, categoria que compõe sua base de apoio. A verba disponível no Orçamento para elevar a remuneração dos servidores é de R$ 1,7 bilhão.
Uma nova assembleia deliberativa está agendada para a próxima terça-feira (5), às 14h, para discutir os rumos da greve dos servidores do BC.