Bolsa fecha pelo terceiro dia em baixa, com cautela sobre EUA-Irã
No quadro mais amplo, a incerteza geopolítica permanece como trava incontornável, favorecendo realização de lucros após progressão de 31,58% acumulada pelo Ibovespa em 2019
Nesta quarta sessão de 2020, o Ibovespa encerrou pela terceira vez seguida em terreno negativo, moderando as perdas observadas mais cedo, em cenário global ainda marcado pela expectativa do que o Irã poderá vir a fazer em reação à morte de seu principal líder militar, em ataque dos EUA ocorrido em Bagdá na madrugada da última sexta-feira. Após ter perdido a linha de 116 mil pontos, tocando a marca de 115.965,38 pontos na mínima do dia, o principal índice da B3 encerrou aos 116.661,94 pontos, em baixa de 0,18%, com giro financeiro de R$ 20,0 bilhões, alto mas abaixo do observado nas duas sessões anteriores. Na máxima de hoje, o Ibovespa foi aos 117.075,85 pontos.
Apesar do desempenho negativo do Ibovespa, parte dos papéis conseguiu se descolar do quadro de fundo, impelidos por notícias favoráveis a algumas empresas, como a melhora em dezembro dos dados operacionais da Azul (+3,31% na PN, segunda maior alta entre os componentes do índice na sessão) e a elevação da recomendação da Marfrig pelo Santander, que contribuiu para a ação do frigorífico fechar o dia em alta de 3,07%. Na ponta do dia, Cemig fechou em alta de 3,66%, com a B3, em recuperação de perdas recentes, apontando ganho de 3,23% no encerramento.
No quadro mais amplo, a incerteza geopolítica permanece como trava incontornável, favorecendo realização de lucros após progressão de 31,58% acumulada pelo Ibovespa em 2019.
“O Irã está no período de luto, então é preciso esperar para ver o que pode acontecer. A atitude é de cautela, com atenção ao que o país e seus grupos aliados virão a fazer. Não dá para dizer que já estejamos em uma acomodação”, observa Luiz Roberto Monteiro, operador sênior na Renascença, apesar de o petróleo ter devolvido hoje uma parte dos ganhos que havia acumulado nos últimos dias, e de as ações terem se mantido em variação relativamente modesta nesta sessão. “Não interessa tanto o que os americanos possam dizer agora, a questão é saber o que o Irã fará”, concorda José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
Por aqui, embora a amostra seja muito pequena, referente apenas às duas primeiras sessões do ano, o investidor estrangeiro voltou a comprar ações brasileiras neste início de 2020, após o fluxo de saída de recursos acumulado ao longo do ano passado.
No primeiro pregão do ano, no dia 2, quando o Ibovespa subiu mais de 2% e renovou máxima histórica, acima dos 118 mil pontos, os investidores estrangeiros sacaram R$ 409,224 milhões da B3. No dia seguinte, quando a percepção de risco geopolítico voltou ao radar com a morte do general iraniano, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 862,402 milhões naquela sexta-feira (03), quando o Ibovespa fechou em baixa de 0,73%, aos 117.706,66 pontos, com giro financeiro elevado, de R$ 29,2 bilhões. Assim, nessas duas primeiras sessões, o saldo de janeiro está positivo em R$ 453,178 milhões, resultado de R$ 21,637 bilhões em compras e de R$ 21,184 bilhões em vendas de ações.