ECONOMIA

Brasil tem déficit comercial de US$ 176 milhões em janeiro

Recuo das vendas de minério, impactadas por enchentes em Minas Gerais, puxou resultado para baixo

Brasil tem déficit comercial de US$ 176 milhões em janeiro - (Foto: Divulgação)

O Brasil registrou déficit comercial de US$ 176 milhões (R$ 929 milhões) em janeiro, informou o Ministério da Economia nesta terça-feira (1°). O dado veio em linha com expectativa do mercado, que apontava saldo negativo de US$ 167 milhões (R$ 881,8 milhões) na balança comercial do primeiro mês do ano.

Em janeiro de 2021, o país teve déficit comercial de US$ 220 milhões (R$ 1,16 bilhão). No mês passado, as exportações ficaram em US$ 19,673 bilhões (R$ 103,881 bilhões), valor recorde para o mês e alta de 25,3% sobre janeiro de 2021 na comparação pela média diária.

O principal destaque foi a alta expressiva dos embarques de soja (+5.007,4%), cuja safra teve colheita mais tardia no ano passado. Como resultado, as exportações agropecuárias totais aumentaram 97,5% no mês.

Já as exportações da indústria extrativa recuaram 18,6%, abaladas por uma redução das vendas de minério de ferro, que sofreram o impacto das enchentes no estado de Minas Gerais. Essa queda foi o principal fator por trás do recuo de 3,8% das vendas do país para a China no mês.

As importações brasileiras somaram US$ 19,849 bilhões (R$ 104,81 bilhões) em janeiro, aumento de 24,6% na comparação anual pela média diária e segundo melhor resultado da história para o mês depois de 2014, quando foram registrados US$ 20,2 bilhões (R$ 107 bilhões).

Nesse caso, o principal destaque foi o salto de 326% das importações da indústria extrativa, alavancadas pela maior demanda do país por commodities energéticas, como petróleo bruto (alta de 420% nas importações), gás natural (+501%) e carvão (+335%).

No ano passado, o Brasil registrou superávit comercial de US$ 61,223 bilhões (R$ 323,281 bilhões), maior valor da série histórica, e, para 2022, o governo estima novo recorde, de US$ 79,4 bilhões (R$ 419,3 bilhões).

O subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão, disse que a expectativa é que uma eventual turbulência política na Rússia, que enfrenta tensões com grandes potências do Ocidente por causa da Ucrânia, teria pouco impacto sobre as exportações brasileiras para a região, muito concentradas em alimentos.

“É um bem que tem pouca elasticidade, responde pouco a quedas de renda, por exemplo. Então um eventual distúrbio político que pudesse levar a algum problema econômico que afetasse a renda dos consumidores, isso poderia levar a menos consumo, mas a característica da pauta brasileira acaba sendo menos afetada por esse tipo de redução”, afirmou. “Isso acaba nos favorecendo em relação a outros países.”