Carta de 120 entidades empresariais a Lira tem lista de críticas à reforma do IR
Um grupo de 120 entidades empresariais enviou uma carta ao presidente da Câmara, Arthur Lira…
Um grupo de 120 entidades empresariais enviou uma carta ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com uma lista de críticas à reforma do IR (Imposto de Renda) proposta pelo governo. As associações defendem que o tema seja debatido com tempo e pedem a criação de uma comissão especial para analisar o projeto.
Entre os signatários, estão a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), Abrasca (Associação Brasileira das Companhias Abertas), Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) e a ANJ (Associação Nacional de Jornais).
O grupo inicia o ofício afirmando que representa grande parte da força econômica do país e diz que a proposta do ministro Paulo Guedes (Economia) reduzirá a atração de capitais e desestimulará o investimento produtivo, dificultando o crescimento econômico.
“É inaceitável que, sob a intenção de melhorias no sistema tributário, se promova uma reforma que onere ainda mais quem investe em atividades econômicas, puna de forma desequilibrada os profissionais liberais, desorganize as estruturas empresariais e afugente o capital financeiro”, diz o documento.
As entidades afirmam que a medida do governo elevará a atual alíquota de 34% de IR da pessoa jurídica e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) para 43,2% para empresas que recolhem o tributo no regime de lucro real.
Para chegar a esse valor, o grupo inclui na conta a tributação de 20% que o governo propôs instituir sobre a distribuição de dividendos a pessoas físicas.
As associações também se posicionam contra o fim do JCP (Juros sobre Capital Próprio), outra forma de distribuição de recursos a acionistas que gera dedução de imposto.
O documento critica mudanças nas regras de tributação sobre investimentos. Afirma ainda que haverá aumento de burocracia se for confirmada a restrição ao uso do sistema de lucro presumido, uma modalidade simplificada de recolhimento do imposto pelas empresas.
A carta também apresenta posicionamento contrário a pontos do projeto que não têm relação direta com as empresas, como é o caso da limitação de uso da declaração simplificada com desconto automático por pessoas físicas.
A medida restringe o uso desse mecanismo a pessoas com renda anual de até R$ 40 mil. Com isso 6,8 milhões de pessoas perderão o direito de usar o instrumento. A carta afirma que, nesse caso, a medida onera a renda dos contribuintes.
“Se de um lado a proposta de reforma do IR traz algum alívio para os assalariados, de outro ameaça seus empregos, a geração de novas vagas de trabalho e ainda tende a aumentar o custo dos bens e serviços que esses consomem. Ao final, a conta fica negativa para todos”, afirma.
A carta vem um dia após a divulgação da informação de que Guedes estaria contando com o apoio das entidades empresariais para pressionar o Congresso pela redução de subsídios e aprovação da reforma do IR com corte mais intenso do imposto sobre o setor privado.