Combustível muda de preço por causa do PPI. Mas o que é isso?
Política do preço de paridade de importação ocorre no Brasil desde 2016
O combustível vai subir mais uma vez, nesta semana. No domingo (24), Bolsonaro (sem partido) já tinha sinalizado a possibilidade ao citar o dólar. Isto, porque a política de preços na Petrobras mudou desde a gestão de Michel Temer (MDB), que passou a adotar o preço de paridade de importação (PPI). Mas afinal, o que é isso?
Ressalta-se, o Brasil adotou o PPI, sistema da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), em 2016, quando Pedro Parente presidia a Petrobras. O modelo, como o nome diz, segue a paridade internacional de preços dos combustíveis, conforme explica o economista Aurélio Troncoso, coordenador do centro de pesquisa de mestrado da UniAlfa.
Segundo ele, os valores estão ligados diretamente ao câmbio (dólar) e ao barril de petróleo. E a Opep faz uma média mundial de preço entre os maiores exportadores. Nesta segunda-feira (25), o barril do petróleo é cerca de US$ 85.
Inclusive, Aurélio explica que o dólar do Brasil – neste momento a quase R$ 5,60 – puxa a média para cima. Na análise do economista, outros países contribuem para que o valor não seja mais alto. “Ou seja, outros países estão nos ajudando.”
Por que PPI?
Sobre o PPI, Aurélio Troncoso informa que a Opep criou essa linha e os países optaram por ela, inclusive o Brasil. “Como a Petrobras é uma empresa de capital misto, por meio de uma assembleia esse modelo foi a escolha – mesmo o governo sendo o maior acionista.”
Inclusive, para ele, o governo cedeu a esse modelo, justamente, para valorizar a Petrobras.
Dólar, impacto e inflação
Hoje o Brasil trabalha com valores distintos para dólar, como o regular, o turismo e o comercial. Para Aurélio, seria importante criar – como fez a China –, uma versão para importação e outra para exportação. Essa diferenciação poderia ajudar, inclusive, na inflação.
“Tudo que estamos comprando é cotado em dólar, mesmo no mercado interno.” De acordo com Aurélio, por exemplo, mesmo com a interrupção na exportação da carne por causa de restrições (a China embargou a carne bovina do Brasil, na última semana), o mercado estoca para não jogar o excesso no País e baixar o preço, na esperança de voltar a vender para fora.
Para ele, é necessário que o Congresso legisle para forçar o abastecimento no mercado interno para gerar concorrência e garantir um preço mais baixo dentro do País.
Baixar o dólar para refletir no combustível
Contudo, de volta a questão do combustível, que tem relação direta com o dólar, o economista sugere a venda da diferença gerada nas reservas cambiais pela valorização da moeda dos Estados Unidos. “As reservas cambiais subiram com a valorização. Essa diferença, deveria ir para a venda para derrubar o dólar, inserindo a moeda no mercado. Como só sairia a diferença, a reserva permaneceria a mesma.”
Por exemplo, se o dólar era R$ 4 e passou a R$ 5,60, existe R$ 1,60 em cima de cada dólar que poderia ir para o mercado interno, a fim de derrubar o valor do câmbio. Desta forma, mesmo com a política do PPI, o combustível poderia cair, já que o dólar seria mais baixo.