Economia

Comércio varejista em Goiás tem resultado positivo após 39 quedas consecutivas

O comércio varejista goiano registrou, em março de 2018, um resultado positivo no comparativo com…

O comércio varejista goiano registrou, em março de 2018, um resultado positivo no comparativo com o mesmo mês do ano anterior pela primeira após 39 quedas consecutivas. Apesar do saldo positivo divulgado pela pesquisa mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), especialistas consultados pelo Mais Goiás apontam que não é possível falar em recuperação econômica das vendas no varejo.

O comparativo dos meses de março de 2017 e 2018 revelam que Goiás vendeu 5,4% a mais neste ano no que diz respeito ao comércio varejista. Já no que tange ao comércio varejista ampliado, aquele que inclui as vendas de carro e materiais de construção, o crescimento foi de 3,2%. A elevação das vendas, segundo especialistas, não pode ser considerada motivo de recuperação econômica, pois representa apenas uma oscilação positiva.

O economista Cláudio Henrique de Oliveira explica que um resultado positivo comparado a 39 negativos não é suficiente para reerguer o comércio varejista. “Quando eu olho o resultado de março de 2017 em relação a março de 2018, é positivo. Mas no resultado acumulado dos últimos três meses ainda há negatividade. Houve uma oscilação favorável que não consiste em uma plena recuperação“, explica.

A pesquisa do IBGE mostrou também que dos setores que compõe o comércio varejista em Goiás, cinco apresentaram variação positiva em março: artigos de uso pessoal e doméstico (24,5%); hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (10,3%); móveis e eletrodomésticos (5,2%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (3,5%) e equipamentos e materiais para escritório informática e comunicação (0,7%). Já as maiores variações negativas ficaram por conta de dois setores: livros, jornais, revistas e papelaria (-19,8%)  seguida de combustíveis e lubrificantes (-7,7%).

Para Cláudio, a queda na venda desses dois setores significa que as famílias estão cortando os supérfluos e tentando economizar. O especialista explica que, com altos preços nos combustíveis, os consumidores optam por reorganizar as rotinas ou mudar os meios de transporte, já que fica difícil encher o tanque. Em relação aos itens de papelaria, o economista acredita que os gastos são feitos apenas com o indispensável, como material escolar.

Feriados e datas comemorativas

Um dos fatores que contribuíram para um bom desempenho do comércio varejista em março foi o feriado da Páscoa ter caído no dia 30 do mês, ao contrário de 2017 em que a celebração caiu em abril. O superintendente do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira, explica que os feriados móveis possuem significante impacto sobre saldos positivos em determinados meses do ano, bem como influenciam na área de vendas que se destacou.

O superintendente conta que na análise da série histórica compreendida entre 2002 e 2018, a mudança de mês em que é celebrado o feriado da `Páscoa representou um saldo positivo para o comércio varejista em seis anos (2002, 2005, 2008, 2012, 2016 e 2018). “O setor de hipermercados cresceu 10,3% certamente muito influenciado por essa mudança da páscoa de abril para março“, explica Edson.

O saldo de março foi o único positivo no ano de 2018 para Goiás. Cláudio acredita que Goiás ainda precisa avançar muito, já que na comparação com o Brasil, apresenta um déficit. O país registrou dois saldos positivos neste ano.

Para o presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio-GO), José Evaristo dos Santos, esse avanço pode vir refletida nos dados dos próximos meses graças a duas datas comemorativas: o Dia das Mães (maio) e o Dia dos Namorados (junho). Na primeira, a expectativa é que o comércio varejista recebesse um impulso com vendas que chegariam a até R$ 188 milhões.

Já o Dia dos Namorados, é considerada a terceira melhor data para o comércio varejista. A explicação, segundo José Evaristo, é que normalmente há uma venda dupla de presentes, pois as pessoas costumam presentear e ser presenteadas. Neste sentido, para o presidente, a tendência é que as vendas para essa data também reflita na economia do Estado de modo positivo.