Cooperativas de transporte em Goiás crescem 45% em dez anos, mas receita cai na pandemia
Delivery registrou desenvolvimento na pandemia, enquanto transporte escolar foi o mais afetado; transporte de cargas manteve trabalhos, mas viu lucratividade cair
A Organização das Cooperativas Brasileiras em Goiás (OCB-GO) informa que o número de cooperativas de transporte cresceu 45% entre 2010 e 2020, no Estado. Em números, houve aumento de 35 para 51 unidades. Além disso, conforme o levantamento da OCB-GO, o total de ativos no segmento cresceu mais que o dobro no período: de R$ 25,6 milhões para R$ 57,1 milhões.
Nos dois últimos anos, porém, o setor foi afetado pela pandemia da Covid-19. A receita bruta dessas cooperativas caiu 30% só em 2020 (R$ 116 milhões). Em relação ao número de cooperados, naquele ano, houve queda, sendo de 4,5 mil (em 2010) para 3,8 mil.
Ainda assim, segundo o presidente da OCB-GO, Luís Alberto Pereira, a expectativa é de recuperação, graças ao avanço da vacinação contra a Covid-19 e a retomada no segundo semestre do ano passado de praticamente todas as atividades econômicas. Ele cita, entre elas, a volta das aulas presenciais na rede ensino pública e privada de Goiás.
Inclusive, conforme aponta o presidente, as cooperativas que se dedicam ao transporte escolar e de passageiros (táxis) sofreram o maior impacto com a pandemia. “Tivemos que fazer ações emergenciais, de caráter assistencial, para ajudá-los, pois o ensino e o trabalho presenciais foram interrompidos e as pessoas passaram a realizar suas atividades em casa.”
Já em relação as cooperativas de cargas, ele pontua que a situação foi diferente, graças a produção agropecuária. “Esse segmento teve uma recuperação rápida e foi fundamental para garantir o abastecimento durante a pandemia”, argumenta. Além disso, cita o delivery, como um ramo dos transportes que se beneficiou da pandemia.
Delivery
Para o diretor administrativo da Cooperativa dos Condutores de Motocicletas do Estado de Goiás (Coopmego), Rubens Dias dos Santos, a necessidade de distanciamento social contribuiu para o crescimento do setor. “Durante a pandemia, não paramos, assumimos o risco, mantivemos as entregas e as pessoas perceberam as vantagens desse serviço.”
Esta cooperativa, especificamente, cresceu o número de cooperados, que foi de 260 para quase 390, nos últimos dois anos. Além disso, os clientes fixos subiram cerca de 28%.
Transporte escolar
De acordo com a OCB-GO, o transporte escolar foi o mais foi afetado pela pandemia, pois suas atividades foram totalmente paralisadas. O presidente da Cooperativa do Transporte Escolar e Turismo do Estado de Goiás (Cooperteg), Adilson Humberto Lellis, diz que agora o segmento recomeça, praticamente, do zero.
“Já temos cerca de 80% do serviço retomado, mas acredito que até o fim do ano ainda estaremos em recuperação. Muitos proprietários de vans perderam seus veículos por dificuldade de pagar as prestações e os devolveram para os bancos.”
Transporte de cargas
Em relação ao transporte de cargas, o presidente da Cooperativa dos Transportadores de Brasília e Entorno (GTBEN), Francisco Miranda Vieira, diz que, como o setor agrícola não parou em nenhum momento, o escoamento das safras para portos e armazéns seguiu normalmente. Apesar disso, em 2020 e 2021 houve queda na lucratividade.
“Nós pagávamos R$330 por um tambor de freio antes da pandemia e hoje ele custa R$ 900. Os pneus, em pouco mais de um ano, subiram mais de 50%. Para comprar um caminhão novo, o prazo de entrega passou a ser de 120 dias, pois faltam componentes e o preço de um cavalo mecânico subiu de R$500 mil para mais de R$ 800 mil.”