Alta

Dólar sobe e reverte baixa da semana passada, com incerteza política

O dólar à vista encerrou esta terça-feira, 27, com a segunda alta consecutiva em relação ao real, com ganho de 1,48%, cotado em R$ 5,2866

O dólar à vista encerrou esta terça-feira, 27, com a segunda alta consecutiva em relação ao real, com ganho de 1,48%, cotado em R$ 5,2866, no maior nível desde o dia 19 (R$ 5,3090). Com uma agenda fraca no exterior e no País, a moeda brasileira se depreciou com maior intensidade que os pares internacionais – reflexo das incertezas políticas e de movimentos técnicos do mercado, de olho na formação da taxa Ptax do ano na próxima quinta-feira, 29.

“O mercado continua com bastante aversão a risco, por causa de ruídos políticos. Hoje, a gente conseguiu ver bastante isso, porque o real acabou destoando das demais moedas emergentes, na expectativa para os anúncios sobre quem vai comandar o Ministério do Planejamento e a presidência dos bancos públicos”, diz a economista-chefe da Ourinvest, Cristiane Quartaroli.

Em um dia de valorização moderada das commodities, o real teve a maior depreciação entre as principais moedas emergentes. Às 17h30, a divisa americana avançava 1,17% em relação ao rand sul-africano e 0,44% ante o peso mexicano. O DXY, que mede o comportamento do dólar em relação a uma cesta de moedas fortes, operou em baixa durante parte da sessão.

Ao longo do dia, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) aceitou o convite para chefiar o Ministério do Planejamento, dentro do esperado pelo mercado. Como mostrou o Broadcast/Estadão, o desenho final da pasta ficou sem o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) – que cuida de parcerias público privadas e ficará sob o guarda-chuva da Casa Civil – e sem o comando dos bancos públicos.

Os nomes dos presidentes da Caixa e Banco do Brasil estão sendo escolhidos pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). Desatado o nó sobre o nome de Tebet, a expectativa é de que Lula anuncie os 15 ministérios ainda sem dono na próxima quinta-feira, 29.

O chefe de câmbio da Trace Finance, Evandro Caciano, diz que a ansiedade do mercado com relação à formação do próximo governo pesou para a alta do dólar hoje, embora atribua a maior parte do movimento do dia a um ajuste dos agentes. O profissional lembra que o Banco Central divulgará também nesta quinta, 29, a taxa Ptax de dezembro e de 2022.

“Com uma liquidez baixa, o dólar desceu só dois centavos durante o leilão pela manhã, quando US$ 2 bilhões era para ter feito muito mais”, diz Caciano, citando o leilão de linha (venda com compromisso de recompra) feito pelo BC às 10h30 de hoje. “Para mim, o que está acontecendo é um movimento artificial de compra, com todo mundo pensando na Ptax.”

Ao longo da sessão, o contrato futuro do dólar para janeiro, termômetro do apetite por negócios do mercado, movimentou cerca de US$ 12,0 bilhões.