Dólar vai a R$ 5,50 com suspeita de que gastos públicos podem aumentar
A maior preocupação dos analistas com a condução das contas públicas gera um dia de…
A maior preocupação dos analistas com a condução das contas públicas gera um dia de bastante volatilidade nos mercados financeiros do país.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), perdeu o patamar de 100 mil pontos, e o dólar chegou a ser cotado acima de R$5,50.
No meio da tarde, o índice da B3 registrava queda de 2,31%, aos 99.017 pontos. No mesmo momento, o dólar tinha uma vaolorização de 1,47%, cotado a R$ 5,5086. Na máxima, a moeda americana chegou a ser vendida por R$ 5,5146.
– Embora o presidente (Jair Bolsonaro) tenha declarado, publicamente, que apoia o teto de gastos, o crescimento de sua popularidade, puxada pelo auxílio emergencial, pode levá-lo a ceder à área política do governo, que defende mais gastos para a retomada da economia – afirmou um estrategista de uma grande corretora de São Paulo que pediu para não ser identificado.
Ações em baixa
Os papéis ordinários (ON, com direito a voto) da Petrobras recuam 0,90%, enquanto as preferenciais (PN, sem direito a voto) perdem 1,32%.
As ações com mais peso no Ibovespa, especialmente de bancos, estão em queda. As ações PN do Bradesco se desvalorizam 2,26% enquanto as PN do Itaú perdem 2,18%.
Apenas as ações das ordinárias da Vale operam no positivo, com ganho de 1,16%. O vencimento de opções também pressiona o Ibovespa, segundo analistas.
Rigor técnico
Os investidores continuam cautelosos em relação ao futuro da política fiscal do governo. Para Ilan Abetman, analista da Ativa investimentos, o crescimento da popularidade de Bolsonaro pode fazer com que ele tenha menor ‘rigor técnico’ em relação aos gastos. Essa possibilidade estressa o mercado.
– Esse aumento de popularidade do presidente, a aproximação com o centrão, pode fazer com que o presidente exija menos rigor técnico nos gastos públicos, ponto defendido por Guedes. O comportamento do mercado hoje precifica esse cenário – diz Arbetman.
A saída de mais um integrante da equipe econômica – o subsecretário de Política Macroeconômica, Vladimir Teles -, revelada pelo colunista da revista Época Guilherme Amado, também contribuiu para o estresse registrado nas mesas de operação.
No entanto, o Ministério da Economia informou que Teles deixou a pasta por motivos pessoais, devido a um caso de doença na família), e não pelo contexto político que provocou a “debandada” da semana passada, como classificou Guedes.
De olho no pacote dos EUA
Além disso, os investidores ainda aguardam a aprovação do pacote de ajuda americana de US$ 1 trilhão, que está emperrado no Congresso dos Estados Unidos.
Segundo Fernanda Consorte, estrategista de câmbio do banco Ourinvest, um fator positivo para o real é a notícia de que o Banco Central da China forneceu mais empréstimos de médio prazo ao sistema financeiro.
– De madrugada, a China anunciou pacote de estímulo para os bancos, e isso seria bom para moedas emergentes – explicou. – O que contrabalanceia isso é a discussão do pacote de estímulo fiscal nos Estados Unidos, que já dura semanas e ainda não chegou a um acordo.
O Boletim Focus, que reúne previsões do mercado e é divulgado semanalmente pelo Banco Central, apontou previsão de queda do PIB deste ano de 5,52%. É uma melhora na previsão da semana passada, que era de um tombo de 5,62%.
É a sétima semana seguida de melhora do cenário. A economia, segundo o Focus, deve crescer 3,5% em 2021.
O mercado também cortou a expectativa para a taxa básica de juros em 2021. A projeção para a Selic neste ano continua em 2%, mas para 2021 caiu a 2,75%. Antes era 3%.