Donald Trump ameaça usar militares para conter atos contra racismo
Após o discurso, ele posou para fotos na porta do templo, segurando uma Bíblia, antes de retornar para a Casa Branca
Com veículos do Exército protegendo a Casa Branca, o presidente americano, Donald Trump, disse nesta segunda (1º) que vai mandar “milhares e milhares” de homens do Exército fortemente armados para as ruas caso prefeitos e governadores não consigam conter as manifestações contra o racismo que tomaram conta de várias cidades do país na última semana.
“Meu primeiro dever é defender o país”, afirmou o republicano, nos jardins da Casa Branca, enquanto bombas de gás lacrimogêneo eram jogadas pela polícia para conter manifestantes pacíficos, a poucos metros de onde Trump falava. “Estamos colocando um fim aos tumultos e à falta de lei”, completou.
Ele prometeu mobilizar todos os recursos federais para reprimir os protestos que eclodiram desde a morte de George Floyd em Minneapolis, na segunda (25).
Floyd, um homem negro de 46 anos, foi morto depois que um policial branco pressionou o joelho sobre seu pescoço por quase nove minutos, enquanto era segurado contra o chão por outros oficiais.
Uma autópsia independente, contratada pela família de Floyd, concluiu nesta segunda que ele morreu por asfixia, no que os médicos consideraram homicídio.
A conclusão foi diferente do resultado da autópsia da promotoria de Minneapolis, cujo laudo parcial apontou que Floyd morreu por uma série de fatores, dentre os quais a presença de doenças subjacentes e a possível ingestão de tóxicos, além de ser contido pela polícia.
Em tom firme, Trump pediu no final da tarde desta segunda que os governadores e prefeitos usem as forças da Guarda Nacional em número suficiente para conter as ruas.
“Se uma cidade ou estado se recusar a tomar as medidas necessárias para defender a vida e a propriedade de seus residentes, então implantarei as Forças Armadas dos Estados Unidos e rapidamente resolverei o problema para eles.”
O objetivo é garantir a paz para os cidadãos que cumprem a lei, prosseguiu o republicano. Segundo ele, os cidadãos estão “enjoados e revoltados” com a “morte brutal” de Floyd, que não terá morrido em vão. Ele também prometeu justiça à família de Floyd.
Trump reconheceu que parte dos protestos são pacíficos, mas disse também que há uma série de “atos de terrorismo doméstico” sendo cometidos nessas manifestações, que “geram o derramamento de sangue inocente”.
Ele afirmou ainda que o vandalismo dos protestos em Washington no final de semana “não foi um ato pacífico, mas um ato de terror, destruição da vida pacífica e derramamento de sangue contra a humanidade”.
Logo após seu discurso, o presidente foi a pé até à igreja de St. John, onde houve um incêndio no domingo à noite, ligado aos protestos. Ele posou para fotos na porta do templo, segurando uma Bíblia, antes de retornar para a Casa Branca sem responder a perguntas que eram gritadas por repórteres.