Em audiência, Marconi pede a Temer desinterdição da BRF de Mineiros
Governador relatou os transtornos e as angústias vividas pelos estados que tiveram unidades industriais interditadas pelo Ministério da Agricultura
O governador Marconi Perillo foi o porta-voz de um grupo formado pelo governador do Paraná, Beto Richa, pelo vice-governador de Santa Catarina, Eduardo Pinho Moreira, e de representantes dos governos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul que reuniu-se na manhã desta segunda-feira (03), com o presidente Michel Temer, no Palácio do Planalto, para discutir o andamento das ações do Governo Federal no âmbito da Operação Carne Fraca.
No encontro, coube ao governador Marconi relatar os transtornos e as angústias vividas pelos estados que tiveram unidades industriais interditadas pelo Ministério da Agricultura depois da operação deflagrada pela Polícia Federal, assim como o quadro de desaceleração econômica dessas unidades representada pela suspensão de empreendimentos e fechamento de plantas industriais.
Todos os presentes relataram queda de receita diante do desaquecimento da atividade econômica ligada ao agronegócio. Nos casos mais graves, registrou-se inclusive o fechamento de plantas industriais, diminuição de turnos nas empresas processadoras e adiamento de investimentos programados pela iniciativa privada.
Marconi fez questão de reconhecer como exemplar a postura adotada até o momento pelo governo brasileiro na tentativa de reverter os transtornos causados pela operação. “As ações do governo federal foram efetivas e deram resultado. Importantes mercados estão sendo reabertos”, reconheceu o vice-governador de Santa Catarina.
Os governadores e seus representantes também se colocaram à disposição do Governo Federal no sentido de, se for necessário, dentro ou fora do Brasil, buscar a reabertura do mercado.
Durante a reunião, Marconi pediu ao presidente Michel Temer atenção do Governo Federal e do Ministério da Agricultura em relação a desinterdição da unidade industrial de Mineiros. “Há uma angústia e uma apreensão muito grande por parte de toda a população. Essa unidade gera milhares de empregos diretos e indiretos. Viemos contextualizar com o presidente a situação vivida em Goiás e que preocupa todo o Brasil”, comentou.
Depois de dizer que o presidente foi bastante atencioso e anunciou que algumas providências já estão sendo tomadas, Marconi lembrou que já conversou com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, de quem ouviu que estão sendo tomadas medidas importantes para que a desinterdição seja autorizada com urgência. “Nossa preocupação é com a economia de Goiás e a de Mineiros em particular por conta dessa interdição”, salientou.
Uma outra preocupação manifestada pelos participantes do encontro de hoje com o presidente Temer diz respeito aos fundos de pensão que participam da composição acionária das grandes empresas do ramo de aves, suínos e bovinos. Os governadores defendem que não haja politização, que essas empresas sejam dirigidas por pessoas do mercado, que entendam a sistemática complexa da produção de suínos, aves e bovinos, desde o início até o corte.
Há uma Lei já aprovada no Senado e em tramitação na Câmara dos Deputados que visa regulamentar a participação dos fundos de pensão nas empresas brasileiras. “Este tema é importante e merece uma discussão porque as empresas já passavam por dificuldade e a operação Carne Fraca agravou bastante essa situação”, comentou Eduardo Moreira.
BRF de Mineiros
Já se estende há quase 20 dias a interdição da fábrica da BRF em Mineiros, na região Sudoeste de Goiás, desde a deflagração da Operação Carne Fraca. Durante esse período, mais de 300 mil perus deixaram de ser abatidos na unidade. Funcionários e comerciantes estão apreensivos diante da possibilidade de os prejuízos serem ainda maiores.
Mineiros tem cerca de 60 mil habitantes, dos quais 10 mil estão ligados direta ou indiretamente à BRF. E não são apenas os funcionários que temem possíveis demissões, os comerciantes dizem que já sentem o impacto na queda das vendas.
A interdição da fábrica também gerou reflexos nas vendas dos produtores de milho que comercializam sua produção antecipadamente para ser transformada em ração. Muitos dizem que ainda não conseguiram fechar os negócios. Nessa mesma época do ano passado, em torno de 45% a 50% já tinham sido comercializadas. Esse ano está em 5%. As empresas estão esperando uma definição para o caso e com isso acabam travando o mercado.
Prejuízo maior está sendo sentido pelas granjas, onde estão estocados cerca de 300 mil perus em condições de abate. Por dia 25 mil perus e 115 mil frangos eram abatidos na BRF.
A empresa garantiu que pagará os salários e benefícios integrais aos 2.250 funcionários da fábrica de Mineiros, independente do período de paralisação.