Em Goiás, cresce o número de trabalhadores com mais de 60 anos no mercado de trabalho
Dados do IBGE mostram redução de 1,5% na taxa desocupação da faixa-etária no segundo trimestre de 2018 em relação ao mesmo período de 2017
O número de trabalhadores com mais de 60 anos no mercado de trabalho cresceu no estado de Goiás. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no segundo trimestre deste ano houve redução de 1,5% na taxa de desocupação dessa faixa etária, em relação ao mesmo período em 2017. Os dados constam da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
Segundo o superintendente do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira, a índice de desocupação de pessoas acima de 60 anos saiu de 4% no segundo trimestre de 2017 para 2,5% no mesmo período deste ano. “Atualmente a maior taxa de desemprego está entre os jovens de 14 a 17 anos (43,4%). Em seguida, pessoas de 18 a 24 anos (19,4%); e depois os adultos de 25 a 39 anos (7,6%). As populações menos desempregadas são a de adultos de 40 a 59 anos (5,9%) e de idosos, superior a 60 anos (2,5%)”, afirmou.
Edson explicou ainda que, na comparação com o 2º trimestre de 2017, 2018 apresentou uma redução na taxa de desemprego como um todo. “A taxa que era de 11% no ano passado caiu para 9,5% este ano. Entretanto, quando se analisa a taxa por faixa etária, apenas a taxa de desemprego das pessoas idosos diminuiu, todas as outras aumentaram. No segundo trimestre de 2017, a taxa de desemprego dos jovens de 14 a 17 anos era 45,5%. Já os de 18 a 24 anos somavam 22,6%. Entre os adultos de 25 a 39 anos a taxa era de 9,1%. E os de 40 a 59 anos somavam 6,4%. Enquanto a taxa dos idosos era de 4,0%”, concluiu.
Motivos
Um dos motivos do número de trabalhadores acima dos 60 anos ter crescido em ritmo muito maior que o das demais faixas etárias foi o desejo de manter uma vida mais ativa. Esse é o caso de Jacira das Graças Pinheiro Azolino, de 70 anos. Aposentada desde os 62 anos, a gerente comercial resolveu voltar à ativa para se realizar em uma nova área: o mercado imobiliário. “Foi um desafio e eu aceitei. Aprendi bastante, conheci pessoas muito interessantes e considero que tive sucesso nessa nova fase”, disse.
Jacira explica que viu o anúncio de seleção de veteranos em uma imobiliária pelo Facebook. da seleção do Programa Veteranos no Facebook. “Eles procuravam pessoas com mais de 55 anos com experiência em qualquer área para montar uma equipe de corretores de imóveis. Achei muito interessante e resolvi arriscar. Realizei o treinamento na própria empresa e fiz o curso de corretagem do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) aos 68 anos e não me arrependo”, contou entusiasmada.
Apesar disso, Jacira conta que ela era um caso isolado, pois a maioria das pessoas fizeram esse curso para melhorar a renda. “A aposentadoria é muito pouca e vai diminuindo com tempo, por isso o principal motivo dos meus colegas era por questões financeiras”, afirmou.
Este é o caso de Yeda Célia Paes, de 59 anos, professora aposentada em 2015, que precisou passar por um procedimento cirúrgico, motivo que a levou de volta ao mercado. “Eu não trabalho por hobby, mas porque preciso. Professor aposentado ganha muito pouco. Eu sempre gostei muito da minha profissão, fiquei 22 anos em sala de aula e agora mudei totalmente de área. Foi um desafio, mas eu gostei muito”, salientou.
Experiência
O diretor da imobiliária por meio da qual ambas trabalham, URBS RT, Ricardo Teixeira, explica que o Projeto Veteranos foi criado porque as pessoas com mais de 60 anos têm mais experiência. “Esse perfil dá um resultado muito positivo para a empresa, justamente por serem mais experientes e qualificados. Nós apostamos nesse perfil pois eles ainda têm muito oferecer”, disse. Para ele, idosos procuram uma atividade pois ainda tem vontade de trabalhar e não querem ficar em casa. “Eles têm disponibilidade de tempo, são mais comunicativos e mais energéticos”, elogiou Ricardo.
*Juliana França é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo