Greve dos caminhoneiros

Em Goiás, falta de etanol atinge 95% dos postos de combustíveis

Em 65% dos estabelecimentos também não há gasolina ou diesel. Desabastecimento total já atinge diversas cidades do interior

Em Goiás, 95% dos postos de combustíveis estão sem etanol e, em 65% deles, também não há gasolina ou diesel. Os dados são do presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto), Márcio Andrade, que destacou, em entrevista concedida na manhã desta terça-feira (29), que situação pode se agravar se a paralisação nas rodovias continuar.

“Há um risco [de desabastecimento total] inclusive porque existe uma greve anunciada dos petroleiros que está prevista para começar amanhã e terminar na sexta-feira. São três dias de uma greve de advertência, segundo eles, mas isso pode agravar ainda mais a situação porque não vai ter combustível na distribuidora e o que chega hoje do oleoduto para Goiânia, por exemplo, deixaria de vir”, explica o presidente.

A escolta fornecida pelo governo estadual começou ontem e a primeira delas foi para região Sudoeste para atender serviços essenciais, como segurança pública e saúde, informa Márcio. Hoje, mais equipes vão escoltar mais cargas com destino a outras regiões do Estado. Mas, para o presidente do Sindiposto, efetivo é insuficiente para atender a necessidade atual. “A demanda é muito grande, não tem efetivo pra atender todo mundo, mas é um serviço que está sendo feito para melhorar um pouquinho a situação”, ressalta.

Márcio também destaca que Goiânia foi uma das poucas capitais do país que não sofreu com o desabastecimento, situação oposta também ao que aconteceu no interior do Estado, onde vários municípios (Catalão, Caldas Novas, Itumbiara, Jataí, Jussara, Luziânia, Mineiros, Piracanjuba, Pires do Rio, Porangatu, Rio Verde,etc) estão completamente sem combustível.

“O interior de Goiás sofreu desde o começo porque o transporte das rodovias, principalmente na região Sudoeste, por ter as principais rodovias e as mais movimentadas, teve um bloqueio mais forte, e a região sofreu mais no começo, mas hoje é em todo o Estado”, explica o presidente do Sindiposto.

Preços

O Sindiposto já expediu uma recomendação repudiando a prática de aumentar o preço durante a greve dos caminhoneiros e diz apoiar a fiscalização nos postos feita pelo Procon Goiás. Mas a alta dos preços nos postos dos combustíveis que, antes da paralisação dos caminhoneiros registrava a média de preço de R$ 4,49 e hoje é de R$ 4,69 em Goiânia pode, segundo Márcio, ter vários motivos.” A gente tem informação que algumas distribuidoras aumentaram seus preços, então pode estar acontecendo várias situações aí: pode ter o empresário que está aproveitando a situação, pode ter a distribuidora que aumentou e o empresário repassou esse aumento, mas não dá para precisar o que aconteceu com determinado posto.”

Márcio ainda destaca que, mesmo pela alta procura de consumidores nos postos, as vendas caíram por conta da falta do produto e os empresários estão amargando prejuízos. “Mesmo que a venda esteja intensa no posto, a quantidade de produto que eu tenho no posto não é a que eu venderia normalmente se não tivesse essa situação. Isso [o desabastecimento] não é bom para ninguém”, conclui.