Empresa dona das marcas Kipling, Timberland e Vans confirma suspensão de compra de couro brasileiro
Segundo nota da empresa, seus negócios "visam empoderar movimentos de estilo de vida ativo e sustentável". A decisão foi repassada ao governo federal na terça (27)
A gestora da Kipling, Timberland, Vans e outras quinze marcas confirmou em nota enviada à Folha de S.Paulo que suspenderá o uso do couro brasileiro até que haja uma segurança em relação a origem dos produtos.
“A VF Corporation e suas marcas decidiram não seguir abastecendo diretamente com couro e curtume do Brasil para nossos negócios internacionais até que haja a segurança que os materiais usados em nossos produtos não contribuam para o dano ambiental no país.”
Na mensagem, a empresa também defendeu que seus negócios “visam empoderar movimentos de estilo de vida ativo e sustentável”. “Desde 2017, nós aprimoramos nosso abastecimento global de couro através de estudos para garantir que os fornecedores de couro estejam de acordo com nossos requisitos de abastecimento responsável.”
No grupo de marcas de grife da VF Corporation que suspenderam as compras de couro brasileiro estão Timberland, Dickies, Kipling,Vans, Kodiak,Terra, Walls, Workrite, Eagle Creek, Eastpack, JanSport, The North Face, Napapijri, Bulwark, Altra, Icebreaker, Smartwoll e Horace Small.
A decisão do grupo foi repassada ao governo na terça-feira (27) pelo CICB (Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil). Em carta enviada ao Ministério da do Meio Ambiente, o presidente da entidade, José Fernando Bello, alertou o governo para os efeitos negativos das queimadas para as exportações do setor.
“Recentemente, recebemos com muita preocupação o comunicado de suspensão novas de compras de couros a partir do Brasil de alguns dos principais importadores mundiais. Este cancelamento foi justificado em função de notícias relacionando queimadas na região amazônica ao agronegócio do país”, disse o presidente da CICB, José Fernando Bello, em documento enviado ao ministério da Agricultura na noite de terça-feira (27).
À Folha de S.Paulo, Bello disse, na manhã desta quarta-feira (28), que as marcas não tinham feito o cancelamento das remessas já acertadas, mas haviam solicitado aos curtumes uma garantia de rastreabilidade, e novos pedidos não devem ocorrer até que os esclarecimentos sejam prestados.
“Claro que enquanto isso não estiver esclarecido, eles não vão colocar novos pedidos”, afirmou. Na tarde quarta, o presidente Jair Bolsonaro publicou em sua rede social que as exportações de couro para abastecer as 18 empresas seguiam normais e que o CICB teria negado a suspensão, posição que não foi confirmada pela entidade.
Em nova conversa com a reportagem da Folha, o presidente da CICB reafirmou sua posição. “Não estou voltando atrás – até o pessoal escreveu dessa maneira, e eu fiquei chateado”, afirmou Bello.
Leia a íntegra da nota enviada à Folha pela VF Corporation:
[olho author=”VF Corporation”]
“Em nossos negócios, a VF desenvolve e implementa políticas para alinhar nossas decisões de negócios com o propósito da VF de empoderar movimentos de estilo de vida ativo e sustentável para a melhoria das pessoas e do planeta.
Por muitos anos, a VF Corporation e nossas marcas implementaram políticas de abastecimento que mantém os valores da VF a respeito de matérias primas. Desde 2017, nós aprimoramos nosso abastecimento global de couro através de estudos para garantir que os fornecedores de couro estejam de acordo com nossos requisitos de abastecimento responsável.
Como um resultado desse estudo detalhado, não conseguimos assegurar satisfatoriamente que nossos volumes mínimos de couro comprados de produtores brasileiros sigam esse compromisso. Sendo assim, a VF Corporation e suas marcas decidiram não seguir abastecendo diretamente com couro e curtume do Brasil para nossos negócios internacionais até que haja a segurança que os materiais usados em nossos produtos não contribuam para o dano ambiental no país.”
[/olho]