Mudança de Mentalidade

Especialista defende a importância da gestão de pessoas no setor agropecuário

Em evento realizado pela Premix, o zootecnista e mestre em produção animal Antônio Chaker falou sobre os desafios de atrair e reter talentos nas fazendas

A gestão de pessoas dentro das empresas é um desafio crescente em um mundo cada vez mais competitivo e tecnológico. Na zona rural essa lógica não é diferente. Com a evolução dos conceitos de administração, identificar, atrair e reter talentos se tornou uma tarefa fundamental para o empresário que quer ver se negócio progredir.

Essas questões, bem como as melhores formas de identificar o perfil das equipes e seus pontos de desenvolvimento, e a caracterização de líderes agropecuários, foram abordadas pelo zootecnista e mestre em produção animal Antônio Chaker em uma palestra que reuniu cerca de 60 pessoas na noite desta terça-feira (9/8). O evento foi promovido pela empresa de nutrição animal Premix no espaço Vitali Eventos, no Setor Bela Vista, em Goiânia, somente para convidados.

Em entrevista concedida ao Mais Goiás após a palestra, Chaker afirmou que um dos maiores desafios entre os produtores rurais hoje é compreender a importância de colocar a gestão de pessoas como um assunto prioritário. “É preciso que as fazendas reconheçam a necessidade de se criar estratégias para atrair pessoas e criar um ambiente onde elas queiram trabalhar, da mesma forma que elas têm estratégias para engordar animal ou para emprenhar uma matriz. Precisa de uma mudança, dessa atualização na mentalidade para que isso seja um assunto relevante e do dia a dia da fazenda”, ressalta.

Segundo ele, esses desafios vividos hoje pelos empreendedores rurais diferem daqueles que existiam há dez ou 20 anos, da mesma forma que se mostram distintos das experiências nas grandes áreas urbanas. “Na cidade há algumas facilidades, como, por exemplo, terminou o expediente de trabalho, a pessoa sobe no ônibus e vai embora para a casa dela. Na fazenda a pessoa vai para uma colônia, a comunidade da fazenda. Então ela precisa ter uma estrutura de casas, de suporte aos funcionários. Isso exige do líder de uma empresa agropecuária muito mais habilidade para atrair essas pessoas.”

Ele também rebateu a crença popular – particularmente difundida nas cidades, mas que também repercute no campo – de que investir no treinamento dos funcionários seria contraprodutivo, já que, melhor qualificados, eles deixariam as empresas em busca de novas oportunidades. “No campo existe algumas crenças equivocadas como ‘se eu treino e eu perco, então não vou treinar’, ou ‘não adianta treinar’, mas a gente encontra fazendas com boa performance financeira que demonstram algo diferente”, diz. “Existe um movimento revolucionário acontecendo, que está levando ao desenvolvimento dessas pessoas.”

Apesar disso, ele destaca que mesmo um funcionário bem treinado pode ter seu potencial desperdiçado caso não seja motivado por um líder que tenha um foco para o negócio que está conduzindo. A visão do gestor, diz Chaker, é o ponto de partida para o sucesso.

“Se o líder não tiver visão, ele não tem objetivo, nem meta, nem plano de ação. Fica no ‘deixa a vida me levar, vida leva eu’”, afirma. Para ele, o bom líder consegue criar e cultivar uma cultura dentro da empresa que ajude na concretização daquilo que ele deseja para o seu negócio. “O grande papel do líder, se tiver que simplificar, é criar uma cultura na fazenda de engajamento. Elas não tem que estar ali por salário. Elas tem que estar ali porque para elas é importante, e isso é feito pela liderança”, destaca.