Europa tem nova onda de covid-19 com mais casos que a anterior, alerta OMS
França ultrapassou 400 mil contagiados, República Tcheca e a Ucrânia bateram seus respectivos recordes de contágios em um dia
“Não sabemos se estamos na segunda onda ou na segunda fase da primeira”. A dúvida terminológica foi apresentada em uma intervenção diante dos eurodeputados no início deste mês por Andrea Ammon, diretora do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC).
Os guardiões da saúde pública europeia não sabem ao certo se os novos casos do vírus são as últimas manifestações dos contágios da primavera ou se merecem ser considerados como um novo capítulo que está apenas começando. Em todo caso, os alertas começam a crescer.
Com a moderação sobre a expectativa de chegada da vacina e a economia com pouca margem para enfrentar outra hibernação, medidas de higiene, distância social e uso de máscaras podem ser insuficientes para conter sua expansão.
“Estamos diante de uma situação muito grave. Os novos casos semanais na Europa já superam os registrados durante o primeiro pico da pandemia. Na semana passada foram contabilizados mais de 300.000 infectados”, alertou nesta quinta-feira Hans Kluge, diretor da Organização Mundial da Saúde na Europa.
Sua mensagem não ignora que os laboratórios estão trabalhando arduamente para detectar os infectados, mas o aumento dos testes realizados não deve servir de desculpa para cair no relaxamento. “Embora esses números reflitam a realização de mais testes, também mostram taxas de transmissão alarmantes em toda a Europa”, insiste Kluge.
A resposta à pergunta de se a Europa já está mergulhada numa segunda onda ou ainda se encontra na segunda fase da anterior pode ser que ambas as opções sejam corretas. Tudo depende de onde estamos no mapa.
Um recém-chegado ao continente que pisasse na Letônia, onde não há obrigação de usar máscara na rua e a taxa de contágio das últimas duas semanas é a mais baixa de acordo com o ECDC, com apenas 4,2 casos por 100.000 habitantes em duas semanas, pode pensar que, apesar dos controles de temperatura na entrada dos restaurantes, a situação está sob controle.
Pelo contrário, um desembarque na Europa Ocidental, área geográfica da Espanha (287,2 casos) e da França (166,9), os dois países mais afetados, daria a impressão oposta. O epicentro do vírus foi mudando com o passar dos meses. Da China pulou para a Europa, depois para a América com quase 200.000 mortos e quase sete milhões de contágios nos Estados Unidos, e agora ameaça voltar enquanto faz estragos em países como a Índia, o segundo mais populoso do planeta, onde se espalha descontrolado com cerca de 90.000 contágios diários em setembro.
No pior cenário, a pandemia pode acabar voltando para a Europa como um bumerangue, com a intensidade de antes ou assolar vários pontos ao mesmo tempo. No caso do Velho Continente, a OMS não é portadora de boas notícias. “Será mais difícil. Em outubro e novembro a mortalidade vai aumentar”, disse Kluge esta semana à agência France Presse.
Segundo os dados de que a organização dispõe, mais da metade dos países europeus registraram aumentos superiores a 10% no número de contágios nas últimas duas semanas, com sete Estados que viram seus números duplicarem. O Reino Unido contabilizou cerca de 4.000 novos casos nas últimas 24 horas, o maior número desde 8 de maio.
A França, com quase 10 mil contágios em um dia, ultrapassou os 400 mil, enquanto a República Tcheca e a Ucrânia bateram na quinta-feira seus respectivos recordes de contágios detectados em um dia.
*Com informações do El País