PONTO DE VISTA

Ex-presidente do Banco Central, goiano Meirelles concorda com decisão do Copom sobre Selic

“Do ponto de vista de política monetária e do ponto de vista do controle de inflação, ao contrário de grande parte dos países no mundo hoje o Brasil está indo bem”

Ex-presidente do Banco Central, goiano Meirelles decisão do Copom sobre Selic (Foto: Divulgação)

O goiano Henrique Meirelles (União Brasil), que foi presidente do Banco Central nas primeiras gestões do presidente Lula (PT), concorda com a manutenção da taxa básica de juros (Selic), pela sétima vez, em 13,75%. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC optou por mantê-la, na quarta-feira (21).

O Copom sofreu diversas pressões do governo federal para reduzir a taxa, mas não cedeu. Depois do anúncio da manutenção, inclusive, Lula afirmou que o presidente do BC, Ricardo Campos Neto, trabalha “contra a economia do Brasil”.

Meirelles não vê dessa forma. “As pessoas acham que o Copom é uma reunião de palpite. Na realidade, o Banco Central tem uma série de modelos que preveem a inflação”, argumentou ao apoiar a medida durante palestra de abertura da primeira edição do Digital Finance Brasil, no Blockchain SP + SciBiz, em parceria com a Ethereum Brasil e a Universidade São Paulo, no Campus da USP.

Ainda segundo ele, não existe sinal concreto que possa dar segurança para cortes de juros. “Do ponto de vista de política monetária e do ponto de vista do controle de inflação, ao contrário de grande parte dos países no mundo hoje o Brasil está indo bem”, completou.

Vale citar, é possível que, na próxima reunião do Copom, em agosto, a taxa seja revista para 12,25%, conforme economistas a diversos veículos de imprensa. A expectativa, com a deflação, era de queda neste momento. O Conselho, todavia, preferiu aguardar a aprovação do arcabouço fiscal, que passou no Senado, na quarta-feira (21), mas que retornará à Câmara dos Deputados por causa de alterações.

É preciso dizer, estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ao fim de 2023 foi rebaixada de 5,42% para 5,12% e de 4,04% para 4% em 2024. Nos dois anos seguintes, as reduções foram de 3,9% para 3,8% e de 3,88% para 3,08%, respectivamente.

Economista

Ao Mais Goiás, a economista Andreia Magalhães avaliou a manutenção da taxa Selic. Segundo ela, apesar de porcentagem da inflação vir desacelerando, ela não está em queda para todos os setores.

“Veja, o combustível ainda inflaciona. O dólar, embora viva um momento de queda, ainda inflaciona, pois usamos muitos insumos/matérias primas cambiadas em dólar. Para além disso, esse patamar de Selic pressiona ou, pelo menos, tenta pressionar a inflação para baixo ao longo do ano e, até quem sabe, para uma meta ainda menor em 2024”, argumenta.

E conclui: “Além disso tudo, ainda tem a questão tributária e fiscal do País que não foi votada e nem está resolvida de forma clara. Isso também é sensível para a decisão do Copom. Enfim, é ruim para quem precisa de crédito, mas o Comitê avalia a cautela da queda na Selic.”