Luto

Ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Walter Mondale morre aos 93 anos

Morreu na noite desta segunda-feira o ex-vice-presidente e diplomata americano Walter Mondale, de 93 anos.…

Morreu na noite desta segunda-feira o ex-vice-presidente e diplomata americano Walter Mondale, de 93 anos. A informação foi confirmada pela família dele, em comunicado.

Mondale foi vice do presidente democrata Jimmy Carter (1977-1981). Veterano da Guerra da Coreia (1950-1953), ele sempre teve suas raízes políticas fincadas no seu estado natal, Minnesota. Ali, ocupou o cargo de procurador-geral, no começo dos anos 1960, e, mais tarde, se elegeu ao Senado pelo estado, na cadeira de Hubert Humphrey, que deixou o cargo para ocupar a Vice-Presidência no governo de Lyndon Johnson.

Visto como um “ícone progressista”, Mondale era um defensor dos direitos civis e de ações para eliminar a segregação em ambientes como as escolas. Como senador, também buscou liderar ações focadas na educação, nos direitos dos imigrantes e na habitação ampla. Em 1974, sinalizou, pela primeira vez, sua intenção de concorrer à Presidência, uma iniciativa que não durou muito tempo: na época, disse “não ter o desejo de ser presidente, o que é essencial para esse tipo de campanha”.

Dois anos depois, porém, embarcou como o candidato a vice na chapa democrata liderada por Jimmy Carter, que derrotou Gerald Ford nas eleições de 1976. Uma vez no cargo, se tornou o primeiro vice a ocupar um escritório no complexo da Casa Branca, estabelecendo uma relação de parceria com o presidente e servindo como uma voz em defesa de posições progressistas dentro do governo. Mondale foi um ator crucial na política externa, atuando em questões como as negociações de paz entre Egito e Israel, a crise no Canal do Panamá e as conversas nucleares com a União Soviética.

Crises

A relação entre Mondale e Carter passou por momentos de crise. Em 1979, diante da Segunda Crise do Petróleo e o subsequente aumento dos preços de combustíveis, o então presidente resolveu fazer um discurso sobre o que considerou ser uma “crise de confiança” no espírito americano — Mondale afirmou ter sido contra a decisão de falar ao público. O episódio ajudou a erodir ainda mais os índices de aprovação de Carter, que seria derrotado por Ronald Reagan nas eleições de 1980.

Em 1984, Mondale decidiu concorrer à Presidência, desbancando o senador Ted Kennedy nas primárias democratas com um discurso apoiado em ideias progressistas e um pouco sincero demais sobre o estado do país no momento, abalado por grandes déficits fiscais.

— Me deixem dizer a verdade — afirmou em seu discurso de confirmação da indicação democrata. — O sr. Reagan vai aumentar os impostos, e eu também o farei. Ele não vai dizer isso a vocês. Eu vou.

A sinceridade não soou bem com os eleitores, e Mondale sofreu uma das maiores derrotas na história eleitoral americana: Reagan conquistou 525 votos no colégio eleitoral e 58,8% no voto popular, enquanto Mondale venceu apenas em Minnesota e no Distrito de Columbia, onde fica Washington, terminando a disputa com 13 votos no colégio eleitoral e menos de 41% no voto popular. Sua candidatura ficou marcada também por ter sido a primeira de um dos dois grandes partidos nos EUA a trazer uma mulher como vice, a deputada Geraldine Ferraro.

Depois da derrota, Mondale voltou para Minnesota, onde esteve fora dos olhares públicos em nível nacional até a chegada de Bill Clinton à Casa Branca, quando foi escolhido para chefiar a embaixada americana no Japão, cargo ocupado até 1995. Em 2002, tentou retornar ao Senado, mas foi derrotado pelo republicano Norm Coleman. Depois disso, passou a agir por trás dos palanques, como no apoio à pré-candidata à Presidência Amy Klobuchar, na última eleição presidencial.

Mensagem final

De acordo com o site Axios, Walter Mondale falou por telefone, no último fim de semana, com o presidente Joe Biden, os ex-presidentes Jimmy Carter e Bill Clinton, a atual vice-presidente, Kamala Harris, e o ex-chefe de campanha Tom Cosgrove.

Ele ainda deixou um e-mail a 320 funcionários e ex-funcionários, onde afirmou que “jamais um servidor público teve um grupo melhor de pessoas trabalhando ao seu lado”. No texto declara ter a convicção de que todos vão continuar “a lutar a boa luta”, e que ter “Joe [Biden] na Casa Branca certamente ajuda”.

Segundo a família, Walter Mondale morreu em Minneapolis, aos 93 anos. A causa não foi divulgada. Ele deixa dois filhos, Ted e William. Sua filha, Eleanor, morreu em 2011, e sua mulher, Joan, em 2014.

“Bem, minha hora chegou, estou ansioso para me reunir com Joan e Eleanor”, escreveu no e-mail.