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Fabricantes estimam que material escolar ficará 10% mais caro em janeiro

Famílias que quiserem gastar menos com a lista de material escolar das crianças devem fazer…

Famílias que quiserem gastar menos com a lista de material escolar das crianças devem fazer as compras ainda este ano, para fugir dos reajustes e aproveitar as liquidações. A estimativa é que os itens pedidos pelas escolas fiquem, em média, 10% mais caros em janeiro, segundo os cálculos da Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (Abfiae).

De acordo com o responsável pelas relações institucionais da associação, Ricardo Carrijo, a correção nos preços dos itens escolares, no início de 2019, vai ocorrer em função dos reajustes significativos no preço do papel em 2018, que influencia o valor de produtos como cadernos, livros e agendas. Isso sem contar o aumento do dólar, com impacto nos preços dos importados. De 20% a 25% dos materiais escolares vêm de fora do país, segundo a Abfiae.

— É sempre bom antecipar as compras para aproveitar as liquidações dos estoques anteriores — explicou Carrijo.

Por isso, Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV, afirmou que o segredo para economizar é se planejar:

— Quem pesquisa, compara os preços e negocia certamente gastará menos.

Haroldo Monteiro, professor de Finanças Corporativas da Pós-Graduação e MBA do Ibmec-RJ, sugere que as compras sejam feitas entre o Natal e o Ano-Novo.

— Depois que passa o Natal, o comércio fica menos aquecido, e pode ser mais fácil encontrar preços melhores — avalia. O especialista recomenda também que os pais evitem itens com personagens de desenhos animados e filmes, em geral mais caros, e reutilizem os materiais de anos anteriores.

A advogada Dianne Medeiros, de 48 anos, já está começando a pesquisar os preços do material escolar para a filha Lara, de 12.

— Prefiro comprar antes de virar o ano, que além de ser mais sossegado, tem preços mais baixos — disse ela, que também busca reduzir os itens da lista: — Aproveito ao máximo o que sobra do ano anterior e evito comprar itens como estojo e pasta todo ano.

A também advogada Manoela Brandão contou que recebe a primeira parcela de seu 13º salário em janeiro. Por isso, tenta comprar nos primeiros dias do mês.

— Busco comprar o mais cedo possível. O ideal é tentar um desconto no pagamento à vista, mas, se não for possível, pode valer a pena parcelar em várias vezes, desde que seja sem juros — sugeriu Monteiro.

Algumas lojas oferecem preços diferentes para compras no atacado, ou seja, mais uma forma de economizar. É o caso da rede Caçula, em que as compras com valor total acima de R$ 750 geram descontos para alguns itens. Um caderno simples, por exemplo, que sairia por R$ 19,53, passa a custar R$ 17,30. A tinta guache (12 cores) cai de R$ 7,23 para R$ 6,40.

A enfermeira Valéria Ribeiro, de 41 anos, este ano vai sugerir ao grupo das mães da escola do filho que as compras sejam feitas em conjunto:

— Podemos aproveitar os preços do atacado, e a lista fica menos pesada financeiramente para todos nós — afirmou.

Diferença chega a 564%

Pesquisar e comparar os valores é o primeiro passo para garantir o menor preço nas compras de material escolar. Entre as lojas visitadas pela reportagem, a diferença de valores para o mesmo produto chegou a 564% — um conjunto de quatro lápis pretos custa R$ 3,79 nas Lojas Americanas, mas custa R$ 20,90 na Saraiva. No valor total da lista, a diferença apurada foi de 312,6%, sendo o valor mais baixo encontrado na Caçula, onde os materiais saíram por R$ 87,97. A lista mais cara foi a vendida pela Saraiva, que totalizou R$ 275.

De acordo com o professor Ricardo Teixeira, da FGV, o consumidor deve fazer as contas para verificar se vale a pena comprar cada item separadamente, onde for mais barato, ou adquirir toda a lista na mesma loja e garantir os descontos do atacado:

— Os pais também podem tentar apresentar na loja os preços dos concorrentes e negociar um valor mais baixo.

Segundo o especialista, dezembro é o mês ideal para pesquisar, enquanto as lojas ainda não lançaram as campanhas de volta às aulas.

— Quanto antes os pais forem às compras, menor a chance de os preços serem pressionados pela inflação.

Setor espera crescimento nas vendas

Mesmo com a situação econômica do país, a Abfiae espera um crescimento de 5% nas vendas no período de volta às aulas de 2019, em com comparação com a mesma época deste ano.

— Estamos bastante otimistas e apostando que o consumo vai retornar forte em 2019 — afirmou Ricardo Carrijo, responsável pela área de relações institucionais da associação.

Segundo ele, o auge das vendas do setor ocorre de novembro a fevereiro, de modo que o desempenho da indústria nesse período é decisivo para as empresas.