Faeg teme impacto da guerra na importação de fertilizantes para Goiás
"Nossa preocupação é realmente a safra 2022, 2023, que começa em outubro, pois não sabemos como será o fornecimento", diz coordenador do Ifag
A Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) teme que a guerra entre Rússia e Ucrânia prejudique os produtores rurais goianos, já que os países do leste europeu são os principais exportadores de fertilizantes para o Brasil.´
“A nossa preocupação é com a safra 2022/2023, que começa em outubro, pois não sabemos como será o fornecimento de fertilizantes”, diz Leonardo Machado, coordenador institucional do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (ligado à Faeg). Leonardo lembra que a Bielorrússia, uma das principais fornecedoras dos fertilizantes de potássio, está fechada, porque não tem saída para o mar. “As vendas estão praticamente paradas, então vemos a situação com muita apreensão.”
“Para normalizar, o abastecimento”, continua o coordenador, “o ideal era é a guerra acabar o quanto antes para sabermos como funcionará a retomada do fornecimento. Não dá para voltar a normalidade de forma imediata. Existe a questão da liberação dos portos, frete marítimos… Então é difícil precisar quanto tempo para retomar a funcionalidade. Depende de vários fatores”.
Em entrevista à CNN Brasil nesta quarta-feira (2), a ministra da Agricultura, Teresa Cristina, afirmou que o Brasil tem estoque de fertilizantes suficientes para aguentar até outubro.
Mais efeitos colaterais da guerra
Além de atrapalhar a logística de fornecimento, Leonardo afirma que a guerra também causa impactos na inflação. “É a questão cambial, o petróleo, preço dos insumos. Tudo pode levar a um processo inflacionário”, diz.
Vale citar que as tensões entre Rússia e Ucrânia ocorrem há meses, desde que ucranianos manifestaram interesse em entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A Otan é um pacto foi assinado em 1949 com objetivo de impedir o avanço da influência da então União Soviética sobre os países da Europa Ocidental.
Em 24 de fevereiro, o líder russo Vladimir Putin permitiu uma operação militar no leste da Ucrânia, com bombardeios, próximo às regiões separatistas de Luhansk e Donetsk. Inclusive, o presidente da Rússia reconheceu a independência dessas cidades, anteriormente.
Entrevista da ministra Tereza Cristina
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina – à CNN –, disse que a situação é “preocupante” no leste europeu e também expôs que existe estoque até a safra. Além disso, ela afirmou que o ministério acompanha com cautela, já que o Brasil é dependente da importação de alguns fertilizantes usados na agricultura.
Inclusive, Tereza informa que o maior gargalo do País é o potássio. Ela aponta que mais de 90% do consumo nacional é importado. “Por isso já estávamos articulando com outros países produtores de potássio, como o Canadá, que é o maior produtor.”
Sobre a possibilidade do aumento dos preços dos alimentos, a ministra evitou previsões. “Se essa guerra durar mais tempo, as consequência serão maiores.” A expectativa dela é que “o bom senso e o equilíbrio prevaleçam e que essa guerra acabe rapidamente”. Até 17 de março ela espera, também, que ocorra o anúncio sobre um plano nacional sobre a política de fertilizantes no Brasil.
“Estamos trabalhando para ter o menor dano possível e o Brasil caminhar para cada vez mais ter produção interna porque isso nos dá garantia de segurança alimentar e segurança nacional da produção”, afirmou. E apesar de todo o cenário, ela acredita que o Brasil será “um dos poucos países que pode ter a certeza que não terá problema de abastecimento”.
Ela afirmou, por fim, que o mundo inteiro passará por um “rearranjo”, com “inflação de alimentos no mundo”. “É preocupante, mas temos que fazer ações imediatas para que a gente tenha o mínimo de dano possível. Posso dizer que não teremos problemas pelo tamanho da nossa agricultura, por tudo que a gente tem inclusive de novas tecnologias”, tentou amenizar.