GOIÁS

Fecomércio defende que flexibilização da quarentena comece por empresas menores

Perto de completar um mês do primeiro decreto de restrição à circulação de pessoas, segmentos empresariais defendem liberação maior de atividades

"Pelos micro e pequenos é mais fácil começar a flexibilização”, diz presidente da Fecomércio

“Faço a defesa de todos os empresários, mas pelos micro e pequenos é mais fácil começar a flexibilização”, afirma o presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio-GO), Marcelo Baiocchi, que é o representante dos segmentos de comércio, serviço e indústria no recém-criado Comitê Estadual Socioeconômico de Enfrentamento ao Novo Coronavírus (Covid-19). Ele afirma que, perto de completar os 30 dias do primeiro decreto com medidas restritivas à circulação de pessoas assinado pelo governador Ronaldo Caiado (DEM), os empresários de portas fechadas estão ansiosos para verem flexibilizadas as suas atividades.

Em relação ao decreto da última sexta-feira (3), que trouxe algumas liberações, como funcionamento de feiras hortifrutigranjeiros e mais, Marcelo celebra. “As flexibilizações já permitiram algumas atividades, não a pleno vapor, mas já tem movimentado o negócio. Temos a expectativa é que o próximo decreto, que deve sair no dia 19, amplia mais as permissões”, apontou.

Vale destacar que o governador Ronaldo Caiado afirmou, na terça-feira (7), que regiões diferentes devem ser contempladas de forma diferente pelo futuro decreto, com mais permissões ou pela manutenção das restrições. Baiocchi compreende a afirmativa. “O que a gente defende é que tenham medidas diferentes para segmentos diferentes. Não dá pra comparar Goiânia com uma cidade do interior, como São João da Paraúna, que não tem nenhum caso da Covid-19. E também a questão do porte do comércio. A gente precisa diferenciar os desiguais. Faço a defesa de todos os empresários, mas pelos micro e pequenos é mais fácil começar a flexibilização.”

Empregos

Questionado sobre o ânimo dos empresários em relação às demissões, o presidente da Fecomércio diz não haver previsões. “O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) deve informar, em breve, sobre isso com dados de abril e, aí, vamos medir.”

Ele cita, que O Globo deu uma previsão de mais de 18 milhões de desempregados, somando aos já 11 milhões (quase 40 milhões). “Usando a mesma proporção no Estado teremos um cenário de preocupação. Mesmo que esse número fosse de um terço seria muito.”

A preocupação é compartilhada pelo diretor executivo da Associação Pro-Desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial), Edwal Freitas Portilho, o Chequinho. Ainda assim, ele explica que boa parte dos setores industriais representados pela Adial, ligados a alimentos, fármacos, higiene e limpeza têm funcionado. “Com todos os protocolos, que já eram muito exigentes.”

De acordo com ele, o temor que surge nesses setores, em especial o de alimentos, é o estoque. “Começam a surgir estoques de industrializados em vários segmentos.” Ele lembra que no começo da pandemia, houve uma corrida aos supermercados, o que gerou incremento de vendas. Porém, com a normalização, estas caíram, especialmente nos restaurantes e refeitórios industriais em todo o Brasil.

Economia

Sobre a economia do Estado, ele diz que neste ano não será possível regularizar. “Quem fechar no azul ou empatar vai estar bem.”

Para ele, é importante, neste momento, a possibilidade de enxergar o cenário ao fim do decreto. “Quanto antes tiver esta visão melhor.” Ele destaca que no caso das indústrias paradas, houve negociações para evitar demissões, mas o esticamento desta situação pode complicar. “Até mesmo para aquelas que estão funcionado”, traz, novamente, a questão dos estoques. “Alimentos primários produz todo dia. Vacas dão leite, galinhas botam ovos”, elucida.

Além disso, ele aponta que, no momento em que flexibilizar, o turismo, por exemplo, não voltará no ritmo que tinha. “As pessoas ainda terão medo. Boa parte não irá perambular por aí.”

Já sobre o Comitê Estadual Socioeconômico de Enfrentamento ao Novo Coronavírus ele avalia de forma positiva. Apesar de preferir que houvesse um representante para cada segmento específico, ele elogiou a escolha de Marcelo Baiocchi.

Comitê

Vale destacar que o comitê de enfrentamento ao coronavírus foi criado, na segunda-feira (6), por meio do decreto 9.647. Presidido pelo governador, além de Baiocchi, o grupo traz membros dos setores público e privado. “Entre as competências do grupo está a padronização das informações repassadas aos estabelecidos industriais, comerciais e de prestação de serviços para a promoção da saúde dos colaboradores. O objetivo é implementar medidas que consigam reduzir a propagação de contágio da Covid-19 entre trabalhadores e seus familiares”, expõe texto informativo da Casa Civil.

E ainda: “O Comitê também deverá propor medidas de atuação coordenada dos órgãos estaduais que detenham a competência de atuar no desenvolvimento econômico do Estado, além de opinar quanto às determinações do Governo de Goiás relacionadas à suspensão de atividades econômicas não essenciais à vida e quais são as exceções cabíveis.”