POSSIBILIDADE

Fusão ou joint venture com Latam não está descartada, diz Azul

Executivo afirma, no entanto, que não existem hoje negociações entre as empresas

Fusão ou joint venture com Latam não está descartada, diz Azul

O diretor financeiro da companhia aérea Azul, Alex Malfitani, afirmou nesta quarta-feira (5) que a crise econômica provocada pela pandemia do coronavírus pode viabilizar uma fusão ou uma joint venture entre a empresa e a Latam Brasil.

Ele disse que essa possibilidade, sondada pelo mercado financeiro há meses, ainda não está em negociação entre as duas empresas. Azul e Latam Brasil anunciaram em junho o compartilhamento de voos (codeshare) no país.

A Latam Brasil foi incluída no mês passado no processo de reestruturação da holding chilena nos Estados Unidos, similar à figura da recuperação judicial brasileira. A dívida do grupo Latam chega a US$ 18 bilhões.

— A crise viabilizou o codeshare entre Azul e Latam. Do mesmo jeito que o codeshare era 0% de chance antes [da pandemia], e hoje virou uma realidade, uma joint venture ou uma fusão era 0% de chance antes e hoje não é mais zero — afirmou Malfitani, que participou de um evento da corretora Genial investimentos por videoconferência.

Eventuais tratativas sobre o tema só seriam realizadas depois dos primeiros resultados do codeshare, de acordo com o executivo.

— Quem sabe na medida em que as coisas se tornarem mais estáveis e mais previsíveis, a gente pode estudar isso. E também vamos ter resultados do codeshare. E quanto mais favoráveis, mais motivos teremos para estudar essas outras opções.

Malfitani defendeu ainda os eventuais ganhos de eficiência que as eventuais operações de joint venture ou fusão poderiam ter para a empresa.

— Se a gente faz uma joint venture, o que é comum entre companhias aéreas, como a que temos com a TAP, você pode sentar e começar a combinar horário de voo e precificação para criar opção de conectividade para o seu cliente. Eu não posso ligar para a Latam hoje para pedir para mudar um voo para combinar com o meu.

No caso da fusão, o poder de negociação de uma gigante do setor aéreo com fornecedores traria redução de custos que eventualmente poderiam beneficiar o cliente final, na visão do executivo.

Qualquer negócio do tipo, porém, precisaria de aval do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que já manifestou em diversas ocasiões preocupações com a alta concentração do mercado aéreo.

Malfitani também disse que a retomada dos voos segue um ritmo acima do planejado pela empresa no momento mais agudo da pandemia. A projeção inicial era que a empresa operasse com 40% do volume usual em dezembro, mas esse patamar deve ser atingido em setembro, segundo o diretor financeiro da Azul.

Se a retomada seguisse no ritmo atual, segundo Malfitani, a empresa não precisaria levantar capital junto ao mercado para manter as operações. Ainda assim, ele disse que a companhia segue em negociação com o BNDES para receber recursos do banco estatal.

O pacote é negociado pelas três grandes empresas do setor (Gol, Latam e Azul) desde o início da crise sem chegar a um acordo.

A equipe econômica do governo propõe que o resgate se dê por meio do mercado de capitais, com a participação também de bancos privados e no mesmo modelo para as três companhias, o que tem sido recusado pela Latam. Também há divergências quanto ao volume de recursos a ser captado.

Para Malfitani, no melhor cenário, a oferta pública ainda demoraria semanas para ser realizada.

— É de uma complexidade enorme [o pacote de socorro ao segmento], é natural que estejamos demorando um pouco. A gente está muito próximo de receber uma lista de termos e condições que o banco consegue atender para a operação, que tem aprovação lá dentro. Depois tem todo um prazo para preparar a documentação para a oferta pública.