Galo índio gigante conquista produtores goianos
Ave que invadiu o Estado está se tornando um negócio com grande rentabilidade. Propriedade rural em Inhumas é referência na produção em Goiás
A criação de aves é um negócio que sempre rendeu bons lucros para os seus produtores, mas agora um novo tipo de ave está roubando a cena em Goiás. Segundo dados da Associação dos Criadores de Índio Gigante, cerca de 10 mil produtores, entre associados e não associados, estão apostando nesse animal no Estado.
É o caso de Leonardo Vicente da Silva, que cria as aves no município de Inhumas, na região metropolitana de Goiânia. O produtor destaca que começou criando o animal como um hobby, mas depois percebeu que poderia se tornar um negócio bem produtivo. “Tem dois anos que crio o índio gigante e posso te dizer que o retorno lucrativo é de 100%,” garante ele.
O criador destaca que, no início , a espécie tem que viver em um espaço maior para poder se desenvolver com mais qualidade. Após entrar na fase adulta, o índio gigante pode ser criado em pequenas baias de 10m². “Viso criar aves de boa qualidade. Com isso, o animal consegue uma carne com sabor diferente e ainda um abate de 50% a mais que o caipira, além de melhorar a sua formação e desenvolvimento”, ressalta Leonardo.
O gasto realizado por Leonardo chega a R$ 5 mil mensais, em média. Com uma matriz de 500 aves, a alimentação é um dos fatores de maior preocupação. “Temos um zootecnista que sempre reforça a ração com outros alimentos como cenoura, beterraba, lentilha, linhaça, trigo, entre outros. Isso ajuda no crescimento saudável do índio gigante”, conta o produtor.
Lucro alto
Para o presidente da Associação de criadores dos galos índios gigantes, Antônio Carlos, Goiás se tornou o principal celeiro do desenvolvimento desse tipo de ave. Cidades da Região Metropolitana como Itaberaí, Bela Vista, Caldazinha, Trindade e outras, se uniram com Goiânia para se tornar o polo principal de desenvolvimento do Estado. Ele conta que, dependendo do tipo de criação, a rentabilidade do criador chega a ser cinco vezes mais rápida do que a criação de galo comum de corte.
“Já possuo cerca de 20 anos de criação desse tipo de ave. Algumas são as de elites, que tem um retorno maior. A estética do animal conta bastante, pois os que valem mais no mercado possui morfologia diferente do pescoço e da cabeça. O comprimento é outro fator que chama bastante atenção, já que quanto maior for, mais caro será”, destaca o presidente, que possui uma das maiores aves de Goiás, com 1,24 m de altura.
Antônio destaca que o valor também chama bastante atenção. Em dois leilões realizados no estado de São Paulo, os machos foram vendidos de 75 mil a 154 mil reais. Já as fêmeas foram arrematadas por cerca de 40 mil e 50 mil.
O macho é mais valorizado diante as negociações, porque ele acaba atendendo dez galinhas de uma só vez na reprodução. Mas esse número ainda pode aumentar de acordo com o avanço dos meios de inseminação artificial de animais, explica o produtor.
“A galinha acaba tendo uma maior fertilização do período de abril a dezembro. Nos quatro meses seguintes ocorre a troca da penugem. Após isso, realizamos a coleta no macho, duas vezes ao dia e retiramos cerca de 2 ml de esperma. Cada galinha recebe 0.1 ml, ou seja, cerca de 20 galinhas são fecundadas”, destaca Antônio.
Antônio Carlos conta que mantém a Chácara Liberdade, localizada na GO-070 no KM 15, saída para Goianira, como a sede de oportunidades de negócios e também de conhecimento sobre o animal. No local, são disponibilizados diversos cursos para a criação de um novo negócio focado no galo índio gigante.
*João Paulo Alexandre é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo.