Crescimento

Goiás deve ter safra recorde de trigo, diz Conab; preço do pão não deve cair

Estado deve produzir 241,6 mil toneladas do grão, um aumento de 161,5% com relação à safra anterior. Mesmo assim, derivados do grão não devem reduzir de preço por enquanto, segundo professor

(Foto: Divulgação/FAEP)

O estado de Goiás deve produzir 241,6 mil toneladas de trigo na safra 2020/2021, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgados nesta quinta-feira (11). Segundo dados da companhia, os números mostram um recorde na produção do estado, com um crescimento de 161,5% com relação à safra anterior.

A produção recorde coloca Goiás como o quarto estado que mais produz o grão, atrás apenas de Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo. De acordo com a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), o principal fator para esse crescimento é a ampliação da área plantada (um crescimento de 211,7%) e o desenvolvimento de variedades adaptadas ao Cerrado goiano.

A pasta afirmou também que o mercado internacional aponta restrições na oferta de outros países, que exportam o grão para o Brasil, o que abre mais oportunidades para os produtores locais.  Outro ponto levantado foi o bom momento que o trigo vive, em virtude da demanda dos moinhos por matéria-prima, expectativa de bons preços e da adaptação ao regime de chuvas do Cerrado.

O pão não vai ficar mais barato

Apesar dos números positivos, o preço dos produtos derivados do trigo não deve cair de imediato. É o que afirma o professor de Economia da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Eduardo Batista Borges. Em entrevista ao Mais Goiás, ele explicou que o Brasil depende da importação do grão e que a desvalorização do real em relação ao dólar pesa nessa questão.

“É para se comemorar o aumento significativo da produção de trigo de Goiás”, disse Eduardo. “Mas o problema do trigo é que não somos autossuficientes. Temos uma dependência grande de importação, principalmente da Argentina. O real está desvalorizado com relação ao dólar e essa questão cambial vai acabar anulando o impacto positivo dessa produção interna”.

Ele completa: “o preço não deve cair de imediato. Isso depende de outros fatores. É necessário ter uma política nacional com relação ao trigo para atingirmos essa autossuficiência”, concluiu.