Governo da Colômbia responsabiliza ELN por atentado que matou 21
A guerrilha do Exército de Liberação Nacional (ELN) foi responsável pelo atentado contra uma escola…
A guerrilha do Exército de Liberação Nacional (ELN) foi responsável pelo atentado contra uma escola militar em Bogotá, afirmou nesta sexta-feira (18) o ministro da Defesa da Colômbia. Autoridades divulgaram nesta sexta novo balanço que apontou 21 mortos e 68 feridos no ataque com um carro-bomba. Dez dos feridos continuam hospitalizados.
“Um ato terrorista cometido pelo ELN tirou essas vidas”, afirmou Botero, acrescentando que as vítimas tinham entre 17 e 22 anos de idade. O ELN iniciou conversas de paz com o governo do ex-presidente Juan Manuel Santos em fevereiro de 2017, mas as negociações foram interrompidas pelo atual governo Iván Duque por causa da quebra de um cessar-fogo.
José Aldemar Rojas, 56, foi apontado como o motorista da SUV que continha 80 kg de explosivos. Segundo Botero, o governo tem evidências de que Rojas era membro do ELN há 25 anos sob o pseudônimo Mocho Kiko por ter perdido a mão direita em uma detonação (“mocho” é canhoto, em espanhol).
Ainda de acordo com o ministro, ele atuava como chefe de inteligência da frente Domingo Laín, que opera no estado de Arauca, na fronteira com a Venezuela. “É uma operação que se planejava havia mais de dez meses”, afirmou Botero. O presidente Duque declarou três dias de luto após o atentado.
Duas equatorianas estão entre as vítimas, a cadete Erika Chicó, que morreu, e Carolina Sanango, que sofreu ferimentos leves. Dois cadetes panamenhos ficaram feridos no atentado, de um grupo de 45 alunos da academia procedentes do Panamá, informou o presidente panamenho, Juan Carlos Varela.
O veículo, que, segundo o MP, tinha passado por uma revisão em julho de 2018 em Arauca, explodiu durante uma cerimônia de promoção de oficiais e cadetes. “Ouvi como se o céu tivesse caído na minha cabeça. Foi uma explosão muito grande e, quando saí, tinha muita fumaça”, disse Rocío Vargas, vizinha do local.
Segundo relatos da polícia, um cão farejador detectou os explosivos. Quando foi descoberto, Rojas acelerou o carro e atropelou um policial. Três militares foram atrás do veículo que, segundos depois, explodiu.
Esse é o pior ato de terror na capital colombiana desde fevereiro de 2003, quando os rebeldes do atual partido Farc detonaram um carro-bomba no clube El Nogal. Trinta e seis pessoas morreram, e dezenas ficaram feridas, nesse episódio.
Além do ELN – que, no passado, admitiu ataques com explosivos contra a polícia -, também operam no país gangues de narcotráfico de origem paramilitar e dissidências das Farc, que lutam pelo controle territorial em meio a uma espiral de violência seletiva contra líderes sociais, que já deixou 438 mortos desde janeiro de 2016.
Há um ano, a polícia também foi alvo de um ataque a bomba dentro de uma delegacia em Barranquilla. Seis militares morreram e 40 ficaram feridos. Dias depois, o ELN, cuja delegação de paz está em Havana, assumiu a ação.
Na véspera do ataque desta quinta-feira, um novo grupo de aspirantes a oficiais entrou na escola. Outros, como Jonathan Oviedo, retomaram suas aulas. “Meu irmão Jonathan, que é cadete, conseguiu falar conosco e nos disse que estava ferido. Depois um tenente foi até o telefone, e a comunicação foi interrompida. Nos dois anos que ele está na polícia nunca enfrentou uma situação assim”, contou Carol Oviedo.
Uma funcionária da saúde das Forças Armadas disse à imprensa que o veículo invadiu “abruptamente” a academia da polícia. “Ele entrou abruptamente, quase atropelando os policiais, e depois explodiu”, relatou Fanny Contreras. Enquanto isso, Duque solicitou a colaboração dos colombianos para “desmantelar a estrutura criminosa” que executou o ataque, embora não tenha mencionado nenhuma organização específica.