PROPOSTA

Governo zera tarifa de importação de arroz até dezembro

Medida busca evitar problemas de oferta do grão por conta das enchentes no RS

Governo zera tarifa de importação de arroz até dezembro (Foto: Wenderson Araujo - CNA)

BRASÍLIA (FOLHAPRESS) – O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai zerar a tarifa de importação de três tipos de arroz. A medida foi aprovada nesta segunda-feira (20) em reunião do Comitê Executivo de Gestão da Camex (Câmara de Comércio Exterior). O objetivo é evitar que a oferta nacional do produto seja comprometida pelas enchentes no Rio Grande do Sul, estado responsável por cerca de 70% da produção nacional.

A proposta inclui dois tipos de arroz não parboilizados e um tipo polido/brunido na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (Letec), uma solicitação feita pelo Ministério da Agricultura e pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Com receio do impacto da tragédia do Rio Grande do Sul na inflação de alimentos, o governo federal anunciou em 7 de maio a importação de até 1 milhão de toneladas de arroz. Os leilões serão feitos em blocos.

Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente e chefe do MDIC (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), afirmou que a ação se dá para garantir a segurança alimentar dos brasileiros. “Ao zerar as tarifas, buscamos evitar problemas de desabastecimento ou de aumento do preço do produto no Brasil, por causa da redução de oferta”.

A redução a zero das tarifas vale a partir da publicação no Diário Oficial da União até 31 de dezembro deste ano. O governo informou que a Secex (Secretaria de Comércio Exterior do MDIC) vai monitorar a situação para reavaliar o período de vigência, caso necessário.

A maior parte das importações de arroz no Brasil são dos países do Mercosul, nas quais a alíquota já é zerada. Neste ano, no entanto, as compras de arroz da Tailândia representaram 18,2% do total importado até abril.

A Conab publicou na última quarta-feira (15) o edital de compra de cerca de 104 mil toneladas de arroz importado. A compra, em leilão previsto para o próximo dia 21, é a primeira fase do programa, no qual o Ministério da Agricultura terá R$ 416 milhões para aquisição do arroz e R$ 100 milhões para as despesas de equalização de preços para a venda do grão.

O RS é o principal produtor do país. De acordo com o Irga (Instituto Rio Grandense do Arroz), 82,9% das lavouras já foram colhidas. Restam em torno de 150 mil hectares. Segundo o órgão, vinculado ao governo gaúcho, a região central do estado é a que apresenta menor percentual de área colhida, com 62%, restando cerca de 45 mil hectares. Essa é a região mais afetada pelas enchentes.

Segundo o ministro Carlos Fávaro (Agricultura), houve perda de parte da produção que ainda está no campo. Segundo ele, há armazéns e silos que foram atingidos pela água. O ministro também citou problemas de logística para escoar a produção local.

Ainda de acordo com Fávaro, o produto não vai concorrer com a produção dos agricultores gaúchos. Fávaro disse que o arroz a ser adquirido pela Conab será vendido “a balcão” —ou seja, para pessoas físicas que tenham interesse no produto ou pequenas vendas e mercados de periferias, de outras regiões do país.

O arroz, hoje, é o item de maior peso no grupo “alimentação no domicílio” do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial de inflação do Brasil.