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Grupo decide passar 6 semanas em caverna para testar quarentena ‘no limite’

Objetivo é realizar um estudo sobre os efeitos do isolamento agudo na mente humana

Grupo decide passar 6 semanas em caverna para testar quarentena 'no limite' (Foto: Reprodução/Instagram)

Um grupo de voluntários franceses decidiu levar a quarentena contra a covid-19 a um novo nível, passando seis semanas embaixo da terra, em uma caverna no sul de Toulouse. O objetivo é realizar um estudo sobre os efeitos do isolamento agudo na mente humana, pouco mais de 1 ano depois do governo da França decretar o primeiro confinamento para combater a pandemia.

Segundo a AFP, desde domingo (14), o grupo de 15 homens e mulheres está vivendo na caverna de Lombrives, na parte francesa da cordilheira dos Pirineus, para o experimento apelidado de “Tempo Profundo”, comandado pelo explorador franco-suíço Christian Clot, de 48 anos, conhecido por seus livros sobre extremos no nosso planeta, focando sempre na capacidade do ser humano de se adaptar ao ambiente.

Por 40 dias, Clot e os demais voluntários farão do complexo cavernoso sua casa, sem acesso a celulares, relógios ou luz natural, contando apenas com barracas individuais para manterem o mínimo de privacidade.

“Três espaços de convivência foram definidos: um para dormir, um para passar o dia, e outro para desenvolver estudos de topografia, particularmente da fauna e da flora”, detalhou o explorador em uma coletiva poucas horas antes de entrar na caverna.

Apesar das pesquisas sobre a natureza local, o maior objeto de estudo é como os sete homens e sete mulheres, com idades entre 27 e 50 anos, irão se adaptar à constante de 12 graus celsius e 95% de umidade.

Eles estão munidos de sensores monitorados por uma equipe de pelo menos 12 cientistas, que esperam captar um padrão em como os humanos respondem à falta de referências de espaço e tempo, com a ausência de variação de luz e temperatura.

“Esse experimento é o primeiro desse tipo”, afirmou Etienne Koechlin, diretor do departamento de neurociência da Escola Superior de Paris, parte da equipe de monitoramento.

“Até o momento, essas missões tinham como objetivo estudar o ritmo fisiológico do corpo, mas nunca o impacto desse tipo de desconexão do tempo nas funções cognitivas e emocionais”, completou ele.

Os voluntários, que não estão recebendo nenhum tipo de pagamento, são todos franceses, e incluem perfis como um joalheiro, um anestesista e um segurança.

Quatro toneladas de mantimentos e outros equipamentos foram deslocados para a caverna, para que o grupo possa viver com completa autonomia. A água será fornecida por um poço e a energia virá de um gerador carregado a pedaladas.

O projeto, que custou o equivalente a R$ 7,9 milhões, foi financiado pelo Instituto de Adaptações Humanas, do próprio Christian Clot, em parceria com algumas instituições públicas e privadas não identificadas.

Se quiserem, os voluntários estão livres para deixar o projeto antes do prazo de 40 dias, sem nenhuma multa.