ICMS não é o maior problema do preço dos combustíveis
Mexer em imposto estadual melhoraria pouco para a população e prejudicaria muito o caixa de estados e municípios
Quem me acompanha aqui no Mais Goiás sabe que não gosto de conversinha fiada. Acho que as coisas sérias têm que ser tratadas com a sobriedade que demandam. O ICMS é um desses temas. Esse papo que o problema da alta exponencial dos combustíveis seria responsabilidade do tributo é furadíssimo. Serve para terceirizar culpa, fazer barulho em rede social e para cérebros nulos vomitarem as nulidades de sempre. Deixe-me ser mais claro: o ICMS não é o vilão do alto preço dos combustíveis.
Esse debate só acontece por exploração política chinfrim. Do presidente Jair Bolsonaro em primeiro lugar, é claro. E Ronaldo Caiado entra nesse jogo apanhando de tudo quanto é lado.
Disputar tais “narrativas” com Bolsonaro sempre é tarefa inglória. Caiado sabe disso. Mas ele está em desvantagem não só por isso. O governador também é refém das bravatas que disse quando ainda era parlamentar. O chiste ruim sobre o que chegaria primeiro a cinco reais, o dólar ou a gasolina, e a cotovelada em Marconi Perillo sobre o ICMS da gasolina quando o estado registrava o segundo maior valor do Brasil o assombram.
Caiado reconheceu o próprio erro em relação à pressão equivocada em cima de Marconi sobre o ICMS. Gosto disso. Pessoas públicas têm o dever de se reconsiderar quando erram nas análises.
Contudo, erra ao abrir grupo de trabalho para debater o imposto. Isso empurra Caiado à protelação que não vai resolver a insatisfação da sociedade e só causará mais desgaste.
Vamos aos fatos: Goiás não tem o ICMS mais caro do Brasil. A alíquota aqui é de 30% e os valores cobrados pelos demais estados variam entre 25% e 34%. Reduzir de 30% para 25%, o piso possível, iria mexer muito pouco, quase nada, no preço final na bomba. Mas, por outro lado, significaria uma porrada forte nas contas de Caiado e de todos municípios goianos.
A gasolina só vai baixar quando a política da Petrobras passar por uma revisão. Sem isso, é enxugar gelo. E bravatas de rede social. Que, cá entre nós, já encheram o saco.
@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Pixabay