VIAGEM SIDERAL

Jeff Bezos é o 2º bilionário no espaço em nave própria, mas o 1º a lançar cliente em voo suborbital

Foguete partiu com um pequeno atraso, às 10h12 (de Brasília), no Texas, EUA

Foguete partiu com um pequeno atraso, às 10h12 (de Brasília), no Texas, EUA (Foto: divulgação/Gazeta do Povo)

Celebrando os 52 anos do pouso da Apollo 11 na Lua, o americano Jeff Bezos, dono da Blue Origin, se tornou nesta terça (20) o segundo bilionário a voar ao espaço em sua própria espaçonave, que levou também o primeiro passageiro a pagar pela viagem suborbital. Foi o décimo-sexto voo bem-sucedido da cápsula New Shepard ao espaço, mas o primeiro a levar tripulação, marcando o início das operações comerciais da empresa –à frente da Virgin Galactic, do britânico Richard Branson, que ainda não levou ninguém que tenha de fato comprado passagem. (Bezos, por sinal, foi o primeiro a marcar a viagem, mas Branson decidiu jogar água no chope dele e voar primeiro com a nave VSS Unity, da Virgin Galactic, no último dia 11.)

O foguete partiu com um pequeno atraso, às 10h12 (de Brasília), no Texas, e realizou seu voo suborbital exatamente como o planejado: decolagem, escalada propulsada, liberação da cápsula, apogeu de 107 km e retorno à Terra, auxiliado por paraquedas. Durante o trajeto parabólico, os ocupantes experimentaram cerca de três minutos de imponderabilidade (sensação de ausência de peso) e puderam observar a paisagem de nosso planeta vista do espaço, nas maiores janelas já lançadas ao espaço. Tudo acabou em pouco mais de 10 minutos. Mas não há dúvida de que foi uma viagem, além de curta, histórica. Estavam a bordo a pessoa mais velha a ir ao espaço, a mais nova, a mais rica e o irmão dele.

Wally Funk, 82, é uma aviadora americana que chegou a ser selecionada pela Nasa para fazer parte do primeiro grupo de astronautas, mas sofreu com a decisão da agência espacial americana de não lançar mulheres nos anos 1960. Com isso, precisou esperar mais de seis décadas para finalmente realizar um voo espacial. O convite de Bezos demonstra sua reverência que ele tem à história do programa espacial. Se Funk houvesse voado numa cápsula Mercury, nos anos 1960, poderia ter feito um voo similar ao de agora, como foi o de Alan Shepard, em 5 de maio de 1961. Naquela ocasião, como nesta terça, foi um curto voo suborbital, de cerca de 15 minutos. (Não por acaso a cápsula se chama New Shepard.) Ao atingir o espaço, Funk bateu o recorde de John Glenn, que esteve lá com 77 anos, em uma missão dos antigos ônibus espaciais.

 

(Foto: divulgação/Gazeta do Povo)

 

Já o holandês Oliver Daemen, 18, acabou de completar o ensino médio e ainda está por cursar a faculdade, mas já se tornou a pessoa mais jovem a ir ao espaço. E esse foi pagando. A Blue Origin não divulgou quanto custou a passagem, mas ele foi pré-selecionado a partir de um leilão desse primeiro assento. Daemen não foi o arrematador; o misterioso vencedor da disputa pagou US$ 28 milhões, mas, acredite se quiser, alegou um conflito de agendas e voará em uma futura missão.

Completaram a tripulação os irmãos Jeff e Mark Bezos. Conhecido por ser o dono da Amazon, Jeff sonha desde menino com o espaço e fundou a Blue Origin, em 2000, para viabilizar a expansão da humanidade para o espaço, começando pelo turismo espacial suborbital. O veículo New Shepard é um foguete reutilizável de estágio único movido a hidrogênio e oxigênio líquidos, com uma cápsula para tripulação no topo. Após a subida propulsada, a cápsula é ejetada e segue sua jornada ao espaço, e o foguete desce, pousando na vertical, com retropropulsão. Seu primeiro voo foi em 2015 e o pouso do foguete veio antes do primeiro pouso bem-sucedido do Falcon 9, da SpaceX.

O New Shepard é projetado para voos suborbitais, entrando numa concorrência direta com a Virgin Galactic por esse mercado. Mas o projeto tem como objetivo ser um precursor de veículos mais capazes. Por sinal, a próxima geração já tem nome: New Glenn. (John Glenn foi o terceiro americano a ir ao espaço, mas o primeiro a orbitar.)

Imagina-se que a Blue Origin realize voos inteiramente comerciais ainda neste ano, mas a venda de passagens será de início negociada diretamente com os participantes mais competitivos do leilão pelo primeiro assento. Já a Virgin Galactic tem mais de 600 reservas (comercializadas originalmente a US$ 250 mil por assento), mas planeja realizar mais dois voos de testes neste ano antes de iniciar a voar seus clientes, no ano que vem.

(Foto: divulgação/Gazeta do Povo)
(Foto: divulgação/Gazeta do Povo)