Jovem negro é morto após policial confundir pistola com arma de choque, diz polícia
A morte de um jovem negro por uma policial no subúrbio de Minneapolis no domingo,…
A morte de um jovem negro por uma policial no subúrbio de Minneapolis no domingo, em uma região próxima ao tribunal onde o agente que matou George Floyd está sendo julgado, reacendeu a indignação da população e levou as autoridades a decretarem toque de recolher na cidade. No fim da tarde, o presidente Joe Biden pediu que as manifestações sejam “pacíficas”, após uma primeira noite de tensões.
Nesta segunda-feira, Tim Gannon, comandante da polícia da cidade de Brooklyn Center, onde ocorrreu a morte, disse que a agente que matou Daunte Wright, de 20 anos, confundiu sua pistola elétrica de imobilização com sua arma de fogo.
— A policial sacou sua pistola no lugar do taser — disse o comandante em uma entrevista coletiva. — Foi um tiro acidental que resultou na trágica morte.
À noite, foi informado que a policial se chama Kim Potter, agente que estava há 26 anos no Departamento de Polícia local. Gannon exibiu à imprensa um vídeo da câmera de um agente mostrando os policiais puxando o jovem de 20 anos para fora de seu carro depois de pará-lo por uma infração de trânsito.
Enquanto Wright luta com a polícia, a agente grita “taser, taser” — os policiais são orientados a gritar que estão disparando o choque antes. Em seguida, ela grita “meu Deus, eu atirei nele”, enquanto o jovem ferido se afasta.
A polícia disse que Wright foi parado por estar dirigindo um carro com a documentação vencida. A mãe do jovem, Katie Wright, porém, disse aos jornalistas que seu filho ligou para ela quando foi parado pela polícia dizendo que sua infração era estar usando desodorizadores de ar pendurados no retrovisor — o que é proibido no estado. Ela afirmou que pôde ouvir a policial dizendo para seu filho sair do veículo.
— Não há nada que eu possa dizer para aliviar a dor da família Wright — disse Gannon, o comandante da polícia.
A ação, que provocou protestos na noite de domingo, ocorreu não muito longe de onde o ex-policial branco Derek Chauvin está sendo julgado pela morte de George Floyd, também em Minneapolis, um caso que incendiou os Estados Unidos e o mundo sob a bandeira do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam).
O prefeito de Brooklyn Park, Mike Elliott, disse que a oficial, que foi colocada em licença administrativa, deveria ser demitida.
— Minha posição é que não podemos cometer erros que levem à perda de vidas de outras pessoas em nossa profissão — disse Elliott.
Presidente pede calma
Nesta segunda-feira, o democrata Joe Biden lamentou a morte “trágica” e pediu calma aos manifestantes, afirmando que protestos pacíficos são “compreensíveis.
— Quero voltar a deixar claro: não há absolutamente nenhuma justificação, nenhuma, para os saques— , declarou o presidente. — Sabemos que a raiva, a dor, o sofrimento que existe na comunidade negra neste contexto é real, grave e importante. Mas isso não justifica a violência.
— Deveríamos ouvir a mãe de Daunte, que pede paz e tranquilidade— completou.
Biden disse ter conversado com as autoridades de segurança de Minneapolis e pediu que os americanos esperem a conclusão das investigações.
O prefeito de Minneapolis, Jacob Frey, decretou toque de recolher na noite desta segunda-feira, entre 19h locais e as 6h de terça-feira. A medida também será adotada na vizinha Saint Paul e nos três condados da região metropolitana, incluindo o de Hennepin, onde ocorreu o incidente onde o jovem de 20 anos morreu.
—Devemos ter paz esta noite— disse Frey.
Na noite de domingo, houve confronto entre a polícia e manifestantes em um ato em Brooklyn Center. O protesto era contra a violência policial e trazia referências ao julgamento de Chauvin. O protesto inicialmente foi pacifico, mas a multidão se recusou a cumprir a ordem de dispersão dada pela polícia, e, em instantes, pedras, bombas de gás, balas de borracha e pedaços de pau começaram a ser arremessados de lado a lado.
Lojas foram saqueadas e depredadas. A filial de Minnesota da União Americana pelas Liberdades Civis disse, baseada no depoimento da mãe de Wright, temer que os policiais tenham usado os purificadores de ar pendurados no retrovisor como pretexto para a abordagem, “algo que a polícia faz com muita frequência para atingir os negros”.