Líderes religiosos pedem fim de leis contra LGBT+ e de terapias de conversão
Declaração foi assinada por quase 400 proeminentes cristãos, judeus, sikhs, hindus, budistas e muçulmanos de 35 países
Quase 400 líderes religiosos globais, incluindo o ativista anti-apartheid Desmond Tutu e o bispo britânico de Liverpool, assinaram nesta terça-feira uma declaração conjunta em que pedem o fim de restrições legais a homossexuais e o fim da terapia de conversão ao redor do mundo.
Sessenta e nove Estados membros das Nações Unidas ainda possuem leis contra lésbicas, gays, bissexuais e transexuais, de acordo com o relatório “Homofobia de Estado 2020”, divulgado pela Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexuais (ILGA, na sugla em inglês) nesta terça-feira.
Apenas Brasil, Equador, Malta e Alemanha instituíram formas de proibição nacional da terapia de conversão, que visa alterar a orientação sexual ou identidade de gênero de uma pessoa.
Organizada pela instituição de caridade Fundação Ozanne, a declaração foi assinada por líderes religiosos de 35 países, incluindo cristãos, judeus, sikhs, hindus, budistas e muçulmanos no mesmo dia em que o Parlamento da Hungria aprovou uma lei que impede adoção por casais do mesmo sexo.
O anúncio oficial, que marca o lançamento da Comissão Interreligiosa Global sobre Vidas LGBT+, será feito na quarta-feira em uma conferência virtual de representantes religiosos globais financiada pelo Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido (FCDO).
Wendy Morton, a ministra das Relações Exteriores do Reino Unido, disse à Fundação Thomson Reuters que a declaração marcou “um passo importante em direção à igualdade”. “Apoiamos totalmente o seu apelo para acabar com a violência, a discriminação e a criminalização contínua da conduta homossexual em 69 países”, disse ela em comentários por e-mail, descrevendo a terapia de conversão como “uma prática repulsiva” e que “deve ser interrompida”.
A ex-presidente irlandesa Mary McAleese, membro proeminente da Igreja Católica Romana, disse que a declaração conjunta representou “um pequeno passo para combater a homofobia”, mas é também “um passo necessário para lembrar aos sistemas religiosos do mundo e às pessoas de fé que eles têm uma obrigação para com seus concidadãos, que também têm direito à plena dignidade de sua humanidade e à plena igualdade de direitos humanos”.
A declaração reconhece “com profundo pesar” que os ensinamentos religiosos ao longo dos séculos “causaram e continuam a causar profunda dor e ofensa àqueles que são lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer e intersex”.
— Acho que a comunidade muçulmana está pronta para essa conversa — disse o Imam Muhsin Hendricks, que fundou a Mesquita Masjidul Ghurbaah na Cidade do Cabo, África do Sul, uma das poucas mesquitas LGBT do mundo.