Maduro ordena testes de mísseis em águas venezuelanas após chegada de petroleiros iranianos
As Forças Armadas da Venezuela realizaram testes de mísseis na quinta-feira em La Orchila, uma…
As Forças Armadas da Venezuela realizaram testes de mísseis na quinta-feira em La Orchila, uma ilha no Norte do país do Caribe, enquanto espera a chegada de petroleiros do Irã, e em meio a tensões com os Estados Unidos. O país vizinho ao Brasil, que tem a maior reserva de petróleo do mundo, passa por uma grave escassez de gasolina.
— Testemunhamos exercícios militares (…) na ilha de La Orchila, com o teste de sistemas de mísseis de precisão máxima para a defesa de águas e costas — declarou Maduro durante uma reunião com o alto comando militar transmitido pela televisão estatal, sem mencionar diretamente navios iranianos carregados com gasolina e outros produtos petrolíferos que se dirigem à Venezuela.
Os testes fazem parte de exercícios militares chamados Escudo Bolivariano, um destacamento permanente criado em fevereiro com o qual Maduro renovou sua retórica anti-imperialista contra Washington. O governo de Donald Trump vem aumentando a pressão sobre a Venezuela e reforçando as sanções contra o país e sua indústria petrolífera, além de ausar o presidente do “narcoterrorismo“.
Juan Guaidó, líder parlamentar da oposição reconhecido como presidente interino por 50 países — incluindo o Brasil e os Estados Unidos — chamou o Escudo Bolivariano de “exercício de propaganda”. Guiaidó, no entanto, está numa posição fragilizada desde que aliados foram envolvidos numa operação de mercenários americanos e ex-militares venezuelanos para entrar no país, sequestrar Maduro e entregá-lo aos Estados Unidos, que ofereceram em março US$ 15 milhões (R$ 83 milhões) pela sua captura.
Na quarta-feira, Maduro comemorou a ida dos navios do Irã, depois que Teerã alertou sobre “consequências” se os Estados Unidos impedirem a viagem. Os petroleiros Fortune, Forest, Petunia, Faxon e Clavel, que transportam cerca de 1,5 milhão de barris de combustível iraniano, passaram pelo Canal de Suez, no Egito, nas duas primeiras semanas de maio, segundo dados do site de monitoramento marítimo Refinitiv Eikon, mostrando que deveriam chegar à Venezuela neste domingo.
Os Estados Unidos estão considerando as medidas a serem tomadas em resposta ao transporte de combustível, afirmou uma autoridade do governo Donald Trump à Reuters na semana passada, acrescentando que Washington tem um “alto grau de certeza” de que o governo venezuelano está pagando Teerã com toneladas de ouro.
A escassez de combustível no país, crônica há anos nas áreas de fronteira, foi ampliada durante a quarentena pelo novo coronavírus e atingiu Caracas.