“Meus pêsames contra essa decisão do Banco Central”, diz Mabel após manutenção da Selic
"Quando se paga um juro de 13,75%, o governo paga sobre a dívida, que são R$ 6 trilhões. Faz com que se tenha R$ 800 bilhões em juros todo ano. Quantas estradas, creches, escolas poderiam ser feitas?", questionou o presidente da Fieg
Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel classificou o Banco Central, nesta quinta (22), como “insensível” ao mercado pela manutenção da taxa Selic. “Afogamento às empresas, aos negócios e aos empregos. Juro alto é trabalho cortado”, afirmou. “Meus pêsames contra essa decisão do Banco Central.”
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC optou por manter, na quarta-feira (21), a taxa básica de juros (Selic), pela sétima vez, em 13,75%. A possibilidade de manutenção já vinha sendo criticada pela Fieg, que chegou a protestar com outras entidades.
“Quando se paga um juro de 13,75%, o governo paga sobre a dívida, que são R$ 6 trilhões. Faz com que se tenha R$ 800 bilhões em juros todo ano. Quantas estradas, creches, escolas poderiam ser feitas? Por um juros desnecessário.”
Segundo Mabel, as demissões andarão com mais velocidade. “Não sei como um grupo de homens, que subiu a taxa quando a inflação subiu, não tem coragem de abaixar quando a inflação cai vertiginosamente.” E completou: “Baixa o juros. Se precisar subir, sobe novamente. Mas deixar 13,75% é um crime contra empregos, empresas e desenvolvimento. Meus pêsames contra essa decisão do Banco Central.”
Vale citar, é possível que, na próxima reunião do Copom, em agosto, a taxa seja revista para 12,25%, conforme economistas a diversos veículos de imprensa. A expectativa, com a deflação, era de queda neste momento. O Conselho, todavia, preferiu aguardar a aprovação do arcabouço fiscal, que passou no Senado, na quarta-feira (21), mas que retornará à Câmara dos Deputados por causa de alterações.
É preciso dizer, estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ao fim de 2023 foi rebaixada de 5,42% para 5,12% e de 4,04% para 4% em 2024. Nos dois anos seguintes, as reduções foram de 3,9% para 3,8% e de 3,88% para 3,08%, respectivamente.
Meirelles concorda
O goiano Henrique Meirelles (União Brasil), que foi presidente do Banco Central nas primeiras gestões do presidente Lula (PT), concorda com a manutenção da taxa. “As pessoas acham que o Copom é uma reunião de palpite. Na realidade, o Banco Central tem uma série de modelos que preveem a inflação”, argumentou.
Ainda segundo ele, não existe sinal concreto que possa dar segurança para cortes de juros. “Do ponto de vista de política monetária e do ponto de vista do controle de inflação, ao contrário de grande parte dos países no mundo hoje o Brasil está indo bem”, completou.