Meio Ambiente

Organismos internacionais de crédito cobram aceno ambiental de Bolsonaro

Segundo Gema Sacristán, que chefia o escritório de investimentos do IDB, o Brasil é signatário do acordo de Paris, firmado em 2015, e a expectativa da instituição é que o governo brasileiro cumpra o acertado dentro do prazo

Os organismos crédito IFC (braço financeiro do Banco Mundial) e IDB Invest (ligando ao Banco Interamericano de Desenvolvimento) veem grandes oportunidades de investimento na área de infraestrutura no Brasil, mas afirmam que é importante uma sinalização do governo de Jair Bolsonaro (PSL) no que se refere a agenda ambiental.

Segundo Gema Sacristán, que chefia o escritório de investimentos do IDB, o Brasil é signatário do acordo de Paris, firmado em 2015, e a expectativa da instituição é que o governo brasileiro cumpra o acertado dentro do prazo.

O acordo prevê a redução de gases de efeitos estufa. O Brasil se comprometeu a cortar 37% das emissões até 2025. Bolsonaro declarou, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que o Brasil vai cumprir o acordo, mas de modo geral tem mantido uma posição considerada dúbia em relação a questões ambientais.

“Ainda falta uma sinalização mais forte sobre a posição em relação ao acordo de Paris, o atual governo brasileiro ainda não se pronunciou neste sentido”, diz Gema.

Questões ambientais têm um crescente peso na liberação de recursos de várias instituições financeiras, em particular de organismos multilaterais.

Segundo Marcelo Castellanos, responsável do IFC na América Latina, dos investimentos em infraestrutura que somam US$ 3 trilhões (R$ 11,9 trilhões) em toda a região, US$ 1 trilhão (R$ 3,98 trilhões) serão destinados no Brasil.

Castellanos reforça que há uma importante agenda de avanços ambientais na infraestrutura e que o setor privado no Brasil tem tido papel relevante na modernização do setor seguindo a mesma direção do IFC.

“O IFC já não financia negócios do setor de petróleo, nem instituições que não tem compromissos ambientais. São sinais claros sobre qual é a nossa direção”, diz Castellanos.

Ele destacou que o Brasil assumiu a liderança na adoção de normas ambientais e sociais na área de infraestrutura, mas que é importante que o governo acompanhe esse movimento.

“Os setores públicos e privados são dois motores importantes. Um avião até pode voar com um só motor, mas vai voar melhor e mais alto se tiver os dois”, afirmou.

Gema e Castellanos faltaram na quinta (30) sobre o crescente peso dos critérios ambientais para decisões de investimentos durante o seminário no 8º Encontro Santander da América Latina, em Madri, na Espanha.

*A jornalista viaja a convite do Santander