Portugal acolhe 500 crianças refugiadas desacompanhadas que estão em acampamentos na Grécia
País afirma que espera o fim das restrições impostas pela pandemia da Covid-19 para buscar os refugiados
Portugal deve acolher 500 crianças dos campos de refugiados gregos assim que as restrições ao fluxo de pessoas impostas para conter a propagação do novo coronavírus forem suspensas, afirmou o ministro das Relações Exteriores do país, Augusto Santos Silva.
Pelo menos 5.200 menores não acompanhados vivem na Grécia, muitos deles em condições adversas em acampamentos nas ilhas do Mar Egeu, e há preocupações crescentes sobre como a doença afetou esse grupo vulnerável. A maioria dos refugiados na Grécia vem da Síria, com outros vindos do Afeganistão, do Iraque e de países africanos.
— O compromisso de acolher 500 dos (mais de) 5 mil menores não desacompanhados em campos na Grécia permanece e acontecerá assim que as restrições devido à pandemia nos permitirem — afirmou Santos Silva a uma comissão parlamentar, segundo a agência de notícias local Lusa.
O anúncio de Santos Silva ocorreu depois que a deputada do Partido Socialista Isabel Santos afirmou no sábado que 60 crianças desacompanhadas dos campos de refugiados gregos devem chegar a Portugal nas próximas semanas.
Portugal, que registrou mais de 27,9 mil casos do coronavírus, com mais de 1,1 mil mortes, anunciou que estava disposto a acolher algumas crianças como parte de um esquema europeu voluntário de relocação de cerca de 1.600 menores refugiados.
Outros países, incluindo Alemanha, Irlanda, França e Luxemburgo, também estão envolvidos na iniciativa. As primeiras relocações ocorreram mês passado, quando 12 menores foram transferidos para Luxemburgo. Desde então, a Alemanha recebeu cerca de 50 crianças.
Embora Santos Silva tenha dito que a recepção e reintegração das 500 crianças está sendo preparada pelo governo, a parlamentar do Bloco de Esquerda Beatriz Gomes Dias afirmou que as condições da acomodação oferecida aos refugiados em Portugal muitas vezes não são adequadas.
Centenas de milhares de imigrantes e refugiados que fogem de conflitos e pobreza em países como a Síria usaram a Grécia como trampolim para entrar em outros países europeus.
O fluxo, que teve seu auge em 2015, foi interrompido no final de 2016, depois que a UE ofereceu compensação financeira à Turquia para manter os refugiados em seu território. Em fevereiro, dezenas de milhares tentaram entrar na Grécia depois que a Turquia disse que não os impediria de fazê-lo.
Atualmente, a Turquia abriga cerca de 3,4 milhões de refugiados, enquanto a Grécia abriga cerca de 120 mil que aguardam o processamento de pedidos de asilo.