PRODUÇÃO

Prejuízos da safrinha de milho impactarão outras cadeias em Goiás

Conab já prevê a redução de milho em todo o país. Entidades classistas temem o desabastecimento do grão no Brasil.

Safrinha do milho (Foto: Reprodução)

A safrinha de milho deste ano foi comprometida pela falta de chuva, em decorrência do veranico (pequeno verão) severo entre abril e junho e as geadas do início de julho. Segundo a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), no mercado brasileiro haverá a redução da produtividade, o que pode acarretar a falta de milho. Em Goiás, a previsão de geada para os próximos dias deixa o produtor rural ainda mais preocupado com as consequências do frio intenso, já no início do mês, lavouras inteiras foram perdidas por conta das baixas temperaturas.

As consequências do clima no Brasil podem até gerar um possível desabastecimento nas indústrias de ração para animais e, consequentemente, a elevação dos preços dos alimentos. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita da segunda safra do grão deve chegar a 66,97 milhões de toneladas, queda de 10,8% se comparada com o período anterior.

O agrônomo e mestre em fertilidade do solo, Saulo Brockes, explica que o problema pode gerar um efeito em cadeia em boa parte do sistema produtivo. “As consequências dos custos altos reflete também para o mercado consumidor, encarecendo o mercado de leite, ovos e carnes bovinas, suínas e frango, já que a alimentação animal, que depende do milho na produção, está onerando todo o processo”, explica.

Preço

A zootecnista Carolinne Mota, especialista em nutrição animal da Nutroeste, explica que o ano safra 20/21 foi muito atípico. Choveu muito na colheita da soja (atrasando a colheita) e quando foi a época de enchimento dos grãos de milho safrinha parou de chover. “Muitos agricultores desistiram de plantar a safrinha, muitos optaram por plantar pasto para aproveitar a pouca umidade e ainda fazer um ciclo de pecuária, mas mesmo assim muitas sementes nem chegaram a nascer”, pontua.

Ela avalia que a situação nas regiões Centro-Oeste e Norte goiano podem ser consideradas catastróficas, já que as poucas lavouras de milho que se salvaram no Sul e Sudeste agora sofrem com geadas e baixas temperaturas previstas para essa semana. A especialista aponta, ainda, que o impacto vai do campo à mesa do consumidor, já que o milho participa da produção de todas as proteínas de origem animal. Além disso, o grão também está diretamente ligado aos preços do etanol.

“Isso significava que o milho tem contribuição no preço do café da manhã, do almoço e do jantar. Seja de forma direta ou indireta, a produção do cereal faz parte da economia e da subsistência brasileira”, enfatiza Carolinne.