IMPACTOS NEGATIVOS

Produção industrial cai pelo sexto mês consecutivo no Brasil

Indicador tem recuo de 0,2% em novembro, abaixo das projeções do mercado

Produção industrial cai pelo sexto mês consecutivo no Brasil (Foto: José Paulo Lacerda/CNI)

A produção industrial brasileira recuou 0,2% em novembro de 2021, na comparação com outubro, informou nesta quinta-feira (6) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É a sexta queda consecutiva do indicador.

O resultado representa mais um sinal de fragilidade da economia no quarto trimestre do ano passado. Com o novo desempenho negativo, a produção industrial ficou 4,3% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, apontou o IBGE.

O dado de novembro veio em nível inferior ao esperado pelo mercado. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam avanço de 0,1%.

O IBGE também informou que, em relação a novembro de 2020, a produção das fábricas recuou 4,4%. Nesse recorte, as estimativas de analistas sinalizavam retração menor, de 4,1%.

André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE, avalia que o setor industrial é afetado por um conjunto de dificuldades. Parte está relacionada com a pandemia, que provocou o desabastecimento de insumos e encareceu o custo da produção.

“Além disso, a indústria sofre com os juros em alta e a demanda em baixa, impactada pela inflação elevada e a precarização das condições de emprego, já que, com o rendimento mais baixo, o trabalhador consome menos”, acrescenta o analista.

Até novembro, a produção industrial acumulou alta de 4,7% no ano passado. Em 12 meses, houve crescimento de 5%. As taxas, contudo, já foram maiores durante a pandemia.

O decréscimo de 0,2% na passagem de outubro para novembro de 2021 foi acompanhado por 12 dos 26 ramos pesquisados na indústria. Entre as atividades, as influências negativas mais importantes foram assinaladas por produtos de borracha e de material plástico (-4,8%), que perderam toda a expansão acumulada nos meses de setembro e outubro (3,5%), e metalurgia (-3%), que assinalou a terceira queda consecutiva acumulando perda de 7,7% no período.

Outras contribuições negativas relevantes vieram de produtos de metal (-2,7%), bebidas (-2,2%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-0,6%), perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-4,5%) e produtos diversos (-4,5%).

Mesmo com o processo de reabertura da economia, após restrições maiores para frear a Covid-19, a produção industrial passou a emitir sinais de fragilidade no país.

A escassez de insumos ainda é apontada como um problema que atinge parte das fábricas. O ramo automotivo está entre os mais afetados pela situação. A falta de componentes é associada à pandemia, que desalinhou cadeias produtivas globais.

Para complicar o quadro, a escassez tem sido acompanhada pelo aumento de preços. Em novembro de 2021, a inflação da indústria foi de 1,31%, de acordo com o IPP (Índice de Preços ao Produtor).

O índice também é calculado pelo IBGE. Em 12 meses, a disparada do IPP foi de 28,86%. O indicador mede a variação dos preços na porta de entrada das fábricas, sem o efeito de impostos e fretes.