R$ 2 MILHÕES

Seis empresas funcionavam em três locais para sonegar ICMS

Estabelecimentos utilizavam laranjas para não configurar faturamento acima de Simples Nacional

Seis empresas funcionavam em três locais para sonegar ICMS

Em coletiva na Secretaria de Economia, a equipe da Delegacia Regional de Fiscalização de Goiânia afirmou que seis empresas de autopeças na capital – estas formam uma rede sob o mesmo nome de fantasia e atuavam em três endereços – sonegaram cerca de R$ 2 milhões em pagamento de ICMS nos últimos três anos.

O delegado fiscal de Goiânia, Gerson Segundo, explicou que o suspeito possui seis empresas, sendo duas cada endereço, a fim de burlar o pagamento de impostos. Para que não configurasse o faturamento acima do Simples Nacional (até R$ 3,6 milhões), ele fez a divisão das titularidades (sócio proprietários) com a esposa, a mãe e um funcionário – metade entrava no Simples e a outra metade no regime normal.

Gerson deixa claro que, no Simples, a alíquota é bem menor que no regime normal e, por isso, o valor sonegado pode chegar a R$ 2 milhões, segundo o que já foi apurado. “Utilizava laranjas para não pagar impostos no regime normal.” Os valores recolhidos deveriam ser de 17%, no ano passado, mas esteve abaixo de 10%.

Gerson declara, ainda, que as empresas não poderiam estar funcionando no mesmo endereço, uma vez que possuem a mesma atividade e nome, tendo apenas a razão social diferente. “O proprietário se distinguia pelos laranjas. Mas em nenhum momento tinha autorização para funcionar no mesmo endereço.”

Investigação

O superintendente de fiscalização da Secretaria da Economia, o auditor-fiscal Mario Bacelar afirmou que, inicialmente, foi verificado que duas empresas estariam no mesmo endereço. “Com o desenrolar, descobrimos o grupo de empresas com seis estabelecimentos, sendo duas empresas em cada endereço. Nesses locais, encontramos uma empresa no regime simplificado e outro no normal.”

De acordo com ele, existem todos os indícios comprovados de ligações familiares, folhas de calendário com todas as lojas, que comprovam ser o mesmo grupo. “Ele usou do artifício para que três, das seis, entrassem no Simples Nacional.” Conforme informado pelo governo, por meio da Secretaria de Economia, mais cedo, a omissão de saídas de mercadorias foi constatada após informações serem comparadas pelo fisco com a Declaração de Escrituração Fiscal entregues pelas empresas

Vale destacar que, durante a ação, o proprietário não foi localizado, apenas gerentes. Ainda assim, a Secretaria da Economia vai suspender os cadastros das empresas que estão no regime normal e iniciar processo de exclusão das três que estão no Simples Nacional. Além disso, haverá cobrança retroativa do ICMS de três anos.

Ninguém foi preso, mas houve apreensão de documentos e banco de dados. A operação contou com 11 auditores fiscais, dez servidores do apoio fiscal e sete membros do Batalhão Fazendário da Polícia Militar. As peças eram vendidas pelo valor de mercado – ou seja, não havia descontos ao consumidor. Os impostos federais também eram sonegados, segundo informado.

Combate à sonegação

Vale lembrar que, em live do dia 9, a Secretaria de Estado da Economia informou que, de janeiro a março, Goiás arrecadou R$ 460 milhões a mais que o mesmo período do ano passado, ou seja, 8% a mais que em 2019. Porém, com o início da pandemia do novo coronavírus, de abril a maio, houve queda de R$ 750 milhões.

“A queda em abril e maio representou 18%. Apesar disso, temos mecanismos para amenizar os efeitos da queda na arrecadação”, disse, à época, Cristiane Schmidt. Segundo ela, uma dessas medidas era o investimento pesado no combate à sonegação fiscal e à concorrência desleal. Ela afirmou, ainda, que os auditores da Receita Estadual têm atuado de maneira incisiva nessa crise, a fim de combater irregularidades.