Setor produtivo: 78% dos empresários avaliam ter que demitir funcionários por causa da covid-19
Cerca de 15% das empresas consegue suportar fechamento total ou parcial por mais uma semana em prol da quarentena. Comerciantes têm sofrido com a burocracia e demora para conseguir linhas de crédito, revela entidade;
Cerca de 78% dos empresários goianos acreditam que terão de realizar demissões futuramente por conta da covid-19 no Estado. Empresas nos setores de serviços, comércio e indústria temem as despesas sem programação de receita, folha salarial, bem como dificuldade para ter acesso a linhas de crédito. Dados compõem sondagem empresarial realizada pela Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Goiás (Acieg), divulgada nesta sexta-feira (27).
O levantamento foi feito entre os dias 24 e 25 de março com mais de 90 empresários e revelou preocupação do setor produtivo público e privado em razão da quarentena e da pandemia do coronavírus. A maior aflição das empresas refere-se às despesas sem programação de receita (38,9%), seguida pela folha salarial (22,1%), acesso ao crédito e distratos (ambos 15,7%), concorrência desleal (4,2%) e alto endividamento (3,1%).
Conforme expõe o estudo da entidade, 15% das empresas ainda consegue suportar o fechamento total ou parcial das portas por mais uma semana durante a quarentena. 29% aguenta duas semanas, 12% três semanas, 21% quatro semanas e 23% ainda conseguiria manter o negócio sem abertura entre 4 e 12 semanas. Neste cenário, a chance de demissão de funcionários é de 78%. Somente 22% não projetam dispensas.
Durante as duas primeiras semanas de quarentena em Goiás, 35% das empresas que responderam o questionário tiveram mais de 30% da receita média diária comprometida; 23% dos empresários foram atingidos em mais de 50% da receita. O comprometimento de mais de 70% e 90% das receitas foi sentido por 11% e 31% das empresas, respectivamente, segundo o levantamento.
Burocracia
Para o presidente da Acieg, Ricardo Fileti, além de todo o cenário de quarentena e não abertura das empresas, o setor produtivo tem sofrido com a burocracia na liberação de crédito. Segundo ele, há dificuldade no cadastro das empresas, demora no processo e até mesmo restrições a empresários.
“Às vezes um microempreendedor ou empresa de pequeno porte tem algum problema de negativação, por exemplo, e não consegue esse crédito disponibilizado pelo governo estadual. Alguns afirmam que a pandemia vai passar e o crédito não vai ser liberado”, criticou.
Flexibilização
Mesmo com as dificuldades, Ricardo afirma que a Acieg continua seguindo as determinações do decreto do governador Ronaldo Caiado (DEM), mas tem tentado flexibilizações diante do Poder Executivo. A associação tenta desburocratização de linhas de crédito, renegociação de impostos assim como juros menores durante o período de pandemia.
“Houve muita confusão dos empresários principalmente após as falas do presidente Jair Bolsonaro sobre a questão da quarentena. A princípio continuaremos seguindo as orientações do Governo Estadual. Temos tentado negociar a abertura de empresas de serviços essenciais. Muita coisa já mudou desde o primeiro decreto. As alterações estão muito vivas nesse sentido”, afirmou.
O presidente da Acieg acredita que a retomada dos trabalhos deve ocorrer de maneira gradual, respeitando as orientações de segurança à saúde como uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) e distanciamento entre colaboradores e clientes.
“A associação vai respeitar essas determinações porque a diretoria se reuniu e entendeu que é o melhor a ser feito para diminuir índices de contaminação. Não iremos apoiar movimentos como buzinaço por exemplo. A gente segue alinhando medidas junto ao governo e empresas para prestar o auxílio necessário para cada uma”, completou.