O slogan publicitário da JBS afirmando que “carne de qualidade tem nome, é Friboi” está deixando de ser uma ação de marketing que irrita apenas empresas concorrentes da gigante de proteína animal. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) manifestou nesta quarta-feira, 20, preocupação com a mensagem passada pelo slogan de que a marca da JBS é sinônimo de qualidade diferenciada para a carne produzida no Brasil. “A marca Friboi contribui para tornar homogêneo o mercado de carne in natura, até aqui heterogêneo, com potencial para aumentar preço”, disse o conselheiro Márcio de Oliveira Júnior.
A declaração foi dada durante a leitura de seu voto na relatoria do processo de concentração de mercado aprovado hoje, com restrições, sobre o arrendamento de três frigoríficos da Rodopa pela JBS. Depois, Oliveira Júnior afirmou ao Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado, que o tribunal administrativo tem observado a Friboi como “marca com potencial para a JBS praticar sobrepreço”, ou seja, elevar o valor de sua carne em relação ao dos concorrentes a partir do conceito de que seu produto é superior aos demais.
Foi a primeira vez que um integrante de um órgão regulador de mercado se manifestou publicamente sobre a Friboi. A polêmica envolvendo a marca da JBS já foi alvo de manifestação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), também presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
A senadora utilizou a tribuna do Senado, em agosto, para protestar contra ação de marketing da JBS encabeçada pelo ator Tony Ramos. “Vá e diga que a sua carne é boa, que tem boa qualidade, que é produzida em frigoríficos de primeira, mas não diga que é a única que o povo brasileiro pode comer”, disse Kátia na ocasião, classificando a publicidade da JBS “marketing enganoso”
O conselheiro do Cade diz que não há restrições legais para o trabalho de marketing da JBS, mas que o tribunal pode investigar a imagem repassada pela marca Friboi como selo de qualidade, caso haja distorções concorrenciais. “Se alguma empresa ou alguém acionar (o tribunal administrativo), o Cade pode abrir um inquérito para investigar”, disse.