EUA

Trump pressiona governador da Geórgia a reverter vitória de Biden no estado

No mesmo dia que fez comício no estado, presidente atacou autoridades do seu partido para que resultado fosse anulado

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Pelo telefone e pelo Twitter, o presidente americano, Donald Trump, pressionou o governador da Geórgia, o republicano Brian Kemp, neste sábado a reverter o resultado da eleição no estado, onde seu adversário, o democrata Joe Biden, foi vitorioso. Trump atacou Kemp e o secretário de Estado local, o também republicano Brad Raffensperger, afirmando que ele seria o vencedor na Geórgia se ambos tivessem feito a verificação das assinaturas das cédulas eleitorais.

“Eu vencerei a Geórgia com facilidade e rapidez caso o governador Brian Kemp ou o secretário de Estado permita uma verificação simples de assinatura. Não foi feito e apresentará discrepâncias em grande escala. Por que esses dois ‘republicanos’ estão dizendo não? Se vencermos a Geórgia, todo o resto se encaixará!”, escreveu Trump no Twitter.

Não é a primeira vez que o presidente faz críticas públicas a seus correligionários no estado. Desde que Biden foi projetado o vencedor na Geórgia, garantindo 16 votos no Colégio Eleitoral, Trump usa sua influência no Partido Republicano para que Kemp e Raffensperger anulem o resultado da votação. O secretário chegou a afirmar que estava sendo pressionado por demais membros da legenda; ele e sua família também receberam ameaças de morte para fazer a recontagem dos votos.

De acordo com o jornal Washington Post, Trump ligou mais cedo ao governador para pedir que ordenasse uma auditoria nas assinaturas dos votos antecipados. E, além de pedir mais uma vez a anulação do resultado, o presidente também teria dito a Kemp para que ele escolhesse os delegados do estado no Colégio Eleitoral.

Durante a tarde, Kemp respondeu o tuíte do presidente afirmando que já havia realizado a auditoria por três vezes:

“Como disse ao presidente esta manhã, convoquei publicamente uma auditoria de assinaturas três vezes (20/11, 24/11, 3/12) para restaurar a confiança em nosso processo eleitoral e garantir que apenas votos legais são contados na Geórgia.”

Trump, então, rebateu:

“Mas você nunca conseguiu a verificação de assinatura! Seu povo se recusa a fazer o que você pede. O que eles estão escondendo? Peça pelo menos imediatamente uma sessão especial do Legislativo. Isso você pode fazer fácil e imediatamente. #Transparência.”

Após votação, no dia 3 de novembro, Trump e seus aliados moveram uma série de processos e tentativas de recontagens afirmando terem sido prejudicados por fraudes, mesmo sem quaisquer evidências disso. No entanto, à medida que os estados certificam seus resultados, essas manobras jurídicas perderam força.

Na própria Geórgia, os dois pedidos de recontagem feitos pela equipe de Trump confirmaram a vitória de Biden. O resultado também foi certificado pelas autoridades estaduais — o último passo antes da reunião do Colégio Eleitoral, onde os delegados dão o voto final para eleger o presidente no próximo dia 14.

Em um movimento sem precedentes na História moderna dos EUA, a equipe de Trump tenta, sem sucesso, fazer com que os estados cruciais no Colégio Eleitoral e controlados por republicanos escolham os delegados do colegiado sem levar em conta a votação popular.

Os tuítes de Trump e a ligação para Kemp foram feitos horas antes de o presidente fazer um comício na Geórgia, onde duas cadeiras ao Senado serão disputadas em segundo turno, em janeiro. As duas eleições vão determinar qual partido terá a maioria da Casa, podendo facilitar ou dificultar o governo do novo presidente eleito.

Republicanos, no entanto, temem que as ofensivas de Trump contra as autoridades estaduais possam atrapalhar a campanha dos seus candidatos ao Senado. Esse é o alerta feito por Matt Towery, um ex-parlamentar do partido e que atua agora como analista político.

— Se ele falar sobre eles [os candidatos] por 10 minutos e passar o resto do tempo contando a todos como Brian Kemp é terrível, isso só vai piorar as coisas — explicou o analista à Reuters.