"POSTS IMPRECISOS"

Twitter sinaliza postagem de Donald Trump como ‘informação incorreta’

Usuário assíduo do Twitter, não necessariamente para divulgar fatos verdadeiros, o presidente Donald Trump teve…

Usuário assíduo do Twitter, não necessariamente para divulgar fatos verdadeiros, o presidente Donald Trump teve duas de suas postagens nesta terça-feira sinalizadas como “imprecisas” pela rede social, uma das primeiras aplicações de uma nova ferramenta destinada a combater a divulgação de mentiras.

No caso, eram duas publicações atacando a ampliação do voto por correio em alguns estados, como a Califórnia, uma ação que é alvo constante de comentários raivosos do presidente:

“NÃO HÁ NENHUMA MANEIRA (ZERO) de que as cédulas por correio sejam alguma coisa que não algo substancialmente fraudulento. Caixas de correio serão roubadas, cédulas forjadas e mesmo impressas ilegalmente e de assinadas de maneira fraudulenta. O governador da Califórnia está mandando cédulas para milhões de pessoas, qualquer um vivendo no estado, não importando quem sejam ou como chegaram lá, muitos jamais pensaram em votar antes, ou como e mesmo em quem votar. Será uma eleição fraudada. Sem chance!”

Segundo levantamento do jornal Washington Post, até abril, o presidente havia feito 18 mil declarações falsas, muitas delas no Twitter. A diferença, desta vez, foi a mensagem “Conheça os fatos sobre as cédulas por correio”. Ao clicar nela, o usuário é levado a uma página de checagem de fatos, com comentários da equipe do Twitter desmontando a afirmação.

“Trump falsamente afirmou que as cédulas por correio levariam a uma ‘eleição fraudulenta’. Contudo, os checadores dizem que não há evidências de que esse tipo de votação esteja ligado a fraude eleitoral”, dizia a primeira mensagem. A publicação afirma ainda que só eleitores registrados receberão as cédulas, e que esse sistema é usado em vários estados, não apenas na Califórnia.

Além dos comentários do Twitter, também é disponibilizada uma série de postagens de veículos de imprensa sobre o assunto, resultado de uma curadoria feita pela rede social, similar à funcionalidade “Moments”.

No dia 11 de maio, o Twitter anunciou ferramentas destinadas a combater as informações falsas na rede, com foco especial na pandemia da Covid-19. Uma delas era a funcionalidade usada para rebater as palavras de Donald Trump. No caso da pandemia, algumas postagens consideradas em violação das regras da rede chegaram a ser parcialmente ocultadas, como ocorreu com o deputado Osmar Terra (MDB-RS).

Sobre as postagens do presidente americano, um porta-voz da empresa afirmou ao site de tecnologia TechCrunch que elas “contêm informações potencialmente enganosas sobre processos de votação e que foram marcadas para que fosse fornecido contexto adicional sobre cédulas por correio”. E que a decisão estava “em linha com as ações anunciadas no começo do mês”.

Em março, um vídeo compartilhado por Trump na rede social foi classificado como enganoso, na primeira vez em que a funcionalidade foi utilizada.

No começo da noite, o presidente foi à rede social criticar a medida. Ele afirmou que a rede social “está tentando interferir na eleição presidencial de 2020”:

“O Twitter está sufocando a liberdade de expressão e eu, como presidente, não permitirei que isso aconteça”, afirmou em postagem.

O chefe de campanha dele, Brad Parscale, afirmou que “sempre soube que o Vale do Silício [região onde estão muitas empresas de tecnologia, como o Twitter] tentaria de todas as formas obstruir e interferir na tentativa do presidente Trump levar sua mensagem aos eleitores”.