Pirenópolis

“Um dos nossos desafios é buscar os turistas que estão mais distantes”, afirma secretário sobre Pirenópolis

Grande parte das visitas à cidade é feita nos fins de semana e feriados. Pouco movimento durante a semana atrapalha o crescimento de empregos

Um relatório divulgado pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês), colocou o Brasil em 5º lugar na geração empregos diretos decorrentes da atividade turísticas entre 184 países pesquisados, o que mostra a importância do segmento para a transformação da vida da população em todas as regiões do País. Mas essa realidade não é uniforme para todo o território brasileiro. Dados do Ministério do Turismo apontam que, apesar do enorme potencial do Centro-Oeste, somente 4% dos turistas brasileiros manifestam interesse em viajar para os destinos desta região.

Atrair visitantes de outras regiões o desafio que vive hoje Pirenópolis, um santuário natural e colonial que conquista seus visitantes. Mas seu maior fluxo é composto pelo turismo doméstico, formado por visitantes do eixo Goiânia/Brasília, que aproveitam os finais de semana e feriados para usufruir dos atrativos locais. Com isso, comerciantes, pousadeiros e restaurantes tem dificuldade em manter  ou aumentar as contratações formais.

Segundo relatório elaborado pela Goiás Turismo, a média de estadias de hóspedes na cidade é de 2,3 noites, o que configura o pernoite de sexta a domingo, prioritariamente. Com isso, a cidade que tem  no turismo sua principal fonte de renda, sofre com a escassez de turistas nos demais dias da semana, afetando consideravelmente o funcionamento de estabelecimentos no centro histórico, e de prestadores de serviço focados no oferecimento de entretenimento.

Conforme explica o secretário municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Pirenópolis, Marcos Gomes Vieira, a cidade recebe em média 200 mil turistas ao ano, sendo que grande parte deles se concentra nos feriados e finais do semana.  “Um dos nossos desafios é buscar os turistas que estão mais distantes, e que se interessariam em ampliar sua estadia em nossa cidade. Somos muito impactados pelo turista doméstico, que é aquele que está próximo, portanto consegue usufruir os finais de semana”, explica.

O secretário pontua grandes avanços conquistados nos últimos tempo para a cidade, principalmente por meio de intervenções dos governos Federal e Estadual. O campus da Universidade Estadual de Goiás é um deles. Estrategicamente instalado na cidade turística, seus cursos foram pensados para contribuir com a qualificação da população da região ao oferecer as graduações em Turismo e Gastronomia.

“Estamos promovendo a qualificação do nosso trade, permitindo que os alunos possam atuar de forma profissional e colocar em prática aquilo que aprendem em sala de aula nas pousadas, hoteis, restaurantes e cafés locais”, diz..

Empregos

Depois da segunda metade do século XVIII, o crescimento de Pirenópolis foi paralisado devido à crise da exploração aurífera e a cidade se retraiu economicamente. Foi o turismo que alavancou novamente a economia da cidade, após o tombamento em 1988 pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN), tornando-se uma das principais fontes de geração de renda e emprego da cidade.

Mas o fluxo irregular característico do turismo em Pirenópolis atrapalha a geração de empregos formais e o crescimento do setor, apesar de seu enorme potencial. De acordo com o último Boletim da Goiás Turismo, o número de  empregos formais gerados pelo setor turístico em Pirenópolis, entre  2006 e 2013, foi de 309 novos postos de trabalho. O montante poderia ser ainda maior se houvesse uma estratégia para manter o turista na cidade ao longo da semana.

“A grande maioria dos bares e restaurantes que temos aqui em Pirenópolis só funciona de sexta a domingo, justamente por causa da falta de movimento de turistas nos dias de semana. Por isso fica complicado para os donos desses estabelecimentos contratarem empregados de maneira formal só para trabalhar nos finais de semanas ou feriados”, explica a micro-empresária Juliana Evangelista, que é proprietária de uma cafeteria na cidade.

Em sua cafeteria, o expediente só não funciona na quarta-feira, onde trabalham cinco funcionários formais. Mas, aos finais de semana, ela contrata outros dois diaristas para ajudar no atendimento. “Se houvesse um fluxo maior de turistas ao longo de toda a semana, poderia efetivá-los”, diz.

Mas há luz no fim do túnel. Um estudo da  Universidade Metodista de São Paulo, aponta para o crescente interesse da população em conhecer as cidades brasileiras e suas belezas naturais, culturais e históricas, uma tendência que já começa a se concretizar. “Os municípios que prepararem para atender esse público certamente irão ganhar em desenvolvimento, emprego e renda para a população”, diz Josemar Borges Jordão, um dos empreendedores do Quinta Santa Bárbara Eco Resort, que está sendo construído em Pirenópolis e que irá contribuir para aumentar a ocupação de meio de semana na cidade.

As unidades do empreendimento do ramo hoteleito estão sendo comercializadas no formato de fração imobiliária, em que cada proprietário adquire semanas de uso – duas ou quatro por ano. A modalidade estimula que o hóspede permaneça durante os sete dias na cidade porque o sistema só permitirá que ele resgate e usufrua a semana inteira para uso.